O líder sírio levanta suspeita em relação à operação dos EUA de assassinato de Abu Bakr al-Baghdadi, então líder do Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia e em outros países).
A amplamente divulgada operação das forças especiais americanas teria eliminado o líder do Daesh, deixando mais dúvidas do que respostas. A declaração foi dada por Assad durante uma entrevista concedida aos canais sírios, citados pela agência estatal SANA.
Damasco não teve qualquer tipo de participação na operação, declarou Assad, relatando que teve conhecimento da morte através da imprensa. Assad alega que acrescentar participantes nesta operação provavelmente daria credibilidade para ela, enquanto que países em tal lista considerariam um prestígio "fazer parte desta 'grande' operação".
"Nós não precisamos de tal crédito. Nós somos aqueles que enfrentam o terrorismo. Não temos nem relações nem contato com qualquer instituição norte-americana que seja", esclareceu o presidente sírio.
A exaltação norte-americana de suas próprias ações não convenceu Assad se "realmente ocorreram ou não". Além disso, o presidente sírio considera suspeita a operação como um todo, retomando a discussão sobre a morte do infame terrorista Osama bin Laden, então líder da Al-Qaeda (grupo terrorista proibido na Rússia e em outros países).
"Por que os restos de al-Baghdadi não foram apresentados? O mesmo cenário ocorreu com bin Laden. Caso diferentes motivos sejam utilizados para não apresentar os restos, deixe-nos recordar como o presidente Saddam Hussein foi capturado [...]; vídeos e imagens foram apresentados após sua captura."
"Essa é uma parte dos truques executados pelos norte-americanos. Por esse motivo nunca devemos acreditar na totalidade do que for dito por eles, a não ser que haja evidências. Os políticos norte-americanos são culpados até que se prove a inocência, não o oposto", adicionou Bashar Assad.
Mesmo que o líder tenha sido de fato eliminado e que o grupo terrorista conheça seu fim, nada mudaria, afirmou Assad, detalhando que o verdadeiro problema emana do wahabismo, que possui "mais de dois séculos" e não desaparecerá facilmente.
O pensamento radical islamista e al-Baghdadi não passaram de ferramentas dos EUA, que podem facilmente serem recolocadas em prática em outros lugares, acentuou Assad.
"Eu acredito que essa operação não passou de um truque. Al-Baghdadi vai ser recriado com um nome diferente, um indivíduo diferente, ou o próprio Daesh em sua íntegra pode ser revivido em um novo local, apresentando um novo nome, mas com o mesmo pensamento e propósito. O diretor de todo o cenário é o mesmo, os norte-americanos", concluiu.