Há um grupo de "nações poderosas" em crescimento contínuo e com forte "motivação para desdolarizar" seu comércio exterior, declarou a codiretora do Instituto de Análise em Segurança Global, Anne Korin, em entrevista ao canal CNBC.
Ela lembra que entre os membros do "grupo" há jogadores com grande capacidade de influenciar a economia global, como a Rússia, China e União Europeia.
A analista explica que o fenômeno é causado por algumas práticas adotadas pelo governo norte-americano nos últimos anos. Washington tem usado frequentemente a jurisdição extraterritorial, processando e sancionando países e empresas que "não tem relações com os Estados Unidos", baseando-se em leis internas.
A capacidade dos EUA de aplicar sua lei interna extraterritorialmente é usada alegando que essas empresas – e países – fazem uso do dólar ou do sistema financeiro norte-americano.
Alternativas ao dólar
Korin ainda lembrou que a ascensão de novos mecanismos de financiamento, como o "petroyuan", uma moeda chinesa criada para comercializar petróleo, é o "canarinho em uma mina de carvão", indicando que há uma mudança no pensamento econômico-financeiro mundial.
Ela explicou que cerca de 90% do comércio global de petróleo é feito em dólares e o "petroyuan" seria uma maneira de induzir à desdolarização.
Ela argumentou que a ascensão deste tipo de moeda, apesar de ser relevante, não é o suficiente para levar ao abandono mundial do dólar norte-americano.
Dentre os países empenhados em desdolarizar sua economia estão a Rússia, além de outros países do BRICS, a Turquia e o Irã, que foi alvo de mais uma rodada de duras sanções norte-americanas em novembro de 2018.
O presidente russo, Vladimir Putin, argumentou durante o Fórum Econômico de São Petersburgo de 2019 que a era de "dominância do dólar" pode estar próxima do fim. De acordo com o presidente russo, isso irá ocorrer porque os EUA teriam "abusado" da posição privilegiada de sua moeda na estrutura monetária internacional.