Em entrevista à Sputnik Mundo, o ministro da Justiça do país, Héctor Arce, afirmou que não ocorreram quaisquer fraudes durante as eleições presidenciais. De acordo com ele, é por ter perdido que Carlos Mesa não admite a auditoria, que começou no dia 31 de outubro no pano de fundo de crescente violência por parte da oposição.
"O que se passou é uma terrível injustiça, a mobilização desnecessária das pessoas, é ter paralisado a vida das cidades e dos departamentos, conturbado a nação, ter atentado contra as vidas dos bolivianos só para sustentar uma mentira. Onde está a fraude? Um só exemplo?", pergunta Héctor Arce.
O ministro chama a atenção para o fato de Carlos Mesa e seu partido não terem apresentado nenhuma prova de fraudes nem qualquer pedido a uma instância de justiça ou administrativa.
Além disso, a Comunidade Cidadã observou todo o processo das eleições e por isso Carlos Mesa e seus aliados entendem que não teve nenhumas fraudes, afirma Arce.
O ministro explicou que mais de 30.000 delegados do partido de Mesa acompanharam as eleições e não foi feita nenhuma queixa.
Segundo Arce, Carlos Mesa está contra a realização da auditoria internacional porque tem os documentos sobre a votação e sabe que perdeu com uma diferença de mais de 10%.
'Erro' do Tribunal
O ministro boliviano afirmou que o Tribunal Eleitoral Superior cometeu um erro óbvio ao parar a contagem de votos em 83%, transferindo-a para o dia seguinte, provocando assim a suspeita de fraude.
De acordo com Arce, "o tribunal deve explicar" o seu erro. Mas, diz ele, a contagem rápida nunca é admitida como resultado final oficial e agora está sendo realizada a verificação completa, com a participação dos 30 representantes internacionais.
O ministro sublinhou as possíveis consequências do recálculo. Se for encontrado um erro e Evo Morales não alcance os 10% de diferença exigidos, então haverá 2º turno. Mas, de acordo com Arce, não se trata da demissão do presidente.
'Golpe de Estado'
Para o ministro, o que se passa agora é uma "tentativa de golpe de Estado". A estratégia de Mesa e dos outros líderes da oposição é "criar um precedente para a desestabilização do governo legítimo formado", afirma Arce.
Segundo ele, foi no quadro deste cenário que foram organizados os confrontos ocorridos em La Paz na noite de 31 de outubro para 1 de novembro e os incidentes em Santa Cruz, nos quais morreram duas pessoas.
"É terrivelmente lamentável que se percam vidas humanas, a razão da existência do Estado é a proteção da vida", afirma o ministro.
Héctor Arce disse ainda que foi iniciada uma "investigação profunda" para encontrar os culpados e aplicar uma punição exemplar.
Eleições de 20 de outubro
Após a vitória nas eleições presidenciais do atual presidente da Bolívia, Evo Morales, com 47,08% dos votos, o líder da oposição, Carlos Mesa, não reconheceu os resultados e pediu um 2º turno. Após a recusa da comissão eleitoral, os apoiadores de Mesa saíram nas ruas e provocaram manifestações violentas.
Do seu lado, o governo do país chamou observadores exteriores para realizarem uma auditoria aos resultados da votação.