Relatório publicado pela fundação norte-americana sem fins lucrativos, National Bureau of Asian Research, recomenda uma nova estratégia para os EUA em seu confronto com a China, que prevê engajamento com aliados e investimento em ciência em tecnologia.
"Nenhuma dessas coisas serão facilmente acatadas, especialmente por esta administração", disse o coautor do relatório, Charles Boustany, referindo-se ao governo Donald Trump.
O relatório recomenda um "cessar-fogo" de 16 meses na guerra comercial, cujos custos foram repassados à indústria e ao consumidor norte-americano. As contra-tarifas chinesas, por sua vez, prejudicam significativamente o setor agrícola do país.
"O Congresso está implorando por uma alternativa às tarifas. Elas não parecem ser uma estratégia coerente ou abrangente", disse Boustany à Reuters.
O relatório recomenda o aumento nos gastos com defesa, a fim de reduzir a vulnerabilidade norte-americana à espionagem e sabotagem empreendidas pela China.
Tarifas contra aliados
A administração Donald Trump também impôs –ou ameaçou impor- tarifas contra aliados-chave dos Estados Unidos, como a União Europeia (UE), o Japão e a Coreia do Sul.
"Não faz o mínimo sentido. A magnitude do desafio imposto pela China é muito mais significativa do que qualquer demanda que podemos ter em relação ao comércio com a UE, Japão ou Coreia do Sul", argumentou Bustany.
Em outubro de 2019, os EUA impuseram cerca de US$ 7 bilhões em tarifas contra produtos franceses, prejudicando principalmente a montadora de aviões Airbus e a indústria de vinhos do país.
A administração Trump também ameaça repetidamente a imposição de sanções contra a Alemanha, caso esta aumente seu consumo de gás natural russo, concluindo a obra do gasoduto Nord Stream-2 (Corrente do Norte 2).
O relatório alga que é necessário melhorar a coordenação com os aliados, inclusive para dissipar a opinião, bastante difundida na UE, de que os EUA estariam engajados no confronto com a China somente para garantir a predominância das empresas norte-americanas no mercado chinês.
Os autores também demonstraram preocupação com o aumento da influência chinesa no mundo subdesenvolvido, principalmente através de grandes projetos de infraestrutura chineses, como o Nova Rota da Seda.