Quando perguntado sobre as declarações de Bolsonaro sobre o triunfo de Alberto Fernández nas eleições presidenciais argentinas, Astori classificou-as como potencialmente danosas ao bloco sul-americano.
"Devemos estar muito conscientes do possível impacto negativo que essas declarações poderiam ter no bloco. Seria essencial que o próprio bloco crie condições que o coloquem acima de atitudes individuais inconvenientes", destacou Astori.
Em 28 de outubro, Bolsonaro pontuou que os argentinos escolheram "mal" ao dar vitória ao candidato presidencial peronista Alberto Fernández nas eleições do mês passado, derrotando o atual presidente Mauricio Macri, preferido do líder brasileiro.
Além disso, em 1º de novembro, o presidente brasileiro revelou que não comparecerá à cerimônia de posse do presidente eleito da Argentina, marcada para 10 de dezembro.
Bolsonaro foi além ao falar sobre as eleições no Uruguai, país no qual há uma oposição mais alinhada com seus "pensamentos liberais e econômicos". Assim, o brasileiro espera que o candidato do Partido Nacional, Luis Lacalle Pou, vença no segundo turno das eleições em 24 de novembro.
Melhor juntos do que sozinhos
Da sua parte, Astori considerou que a diplomacia do Uruguai deveria dedicar um "momento importante" para impedir que "atitudes individuais" se tornassem um problema para o bloco.
"É essencial que a América Latina avance na integração porque, considerando as dificuldades que nossos países enfrentam, é muito pior enfrentá-las sozinhos do que tentar fortalecer suas forças e facilitar o encontro de saídas mais positivas", refletiu.
O ministro uruguaio afirmou que nos últimos anos foram feitos progressos em termos de integração, como o acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE), mas considerou que ainda há um longo caminho a percorrer.
O Mercosul é formado pela Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela (país atualmente suspenso).
"O Mercosul é uma das partes para alcançar essa integração, pois ela é essencial para o Uruguai. Na minha modesta opinião, os quatro países deveriam ser [essenciais]. Crer no Mercosul como plataforma de lançamento para o mundo é essencial", acrescentou.
Astori é economista, contador e teve papel de destaque nos três governos da Frente Ampla: foi vice-presidente do governo de José Mujica (2010-2015) e também ocupou o cargo de ministro da Economia na primeira presidência de Tabaré Vázquez (2005-2008).
A imprensa local afirma que ele pode ser um eventual futuro chanceler, caso o candidato oficial Daniel Martínez vença a votação. No entanto, Astori se absteve de comentar o assunto quando perguntado pela Sputnik sobre o assunto.