Merkel defende Europa unida em celebração de 30 anos da queda do Muro de Berlim

© REUTERS / Fabrizio BenschChanceler alemã Angela Merkel deposita uma vela durante as celebrações dos 30 anos da queda do Muro de Berlim
Chanceler alemã Angela Merkel deposita uma vela durante as celebrações dos 30 anos da queda do Muro de Berlim - Sputnik Brasil
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A chanceler alemã Angela Merkel pediu neste sábado à Europa que defenda a democracia e a liberdade, com a Alemanha celebrando 30 anos desde a queda do Muro de Berlim, alertando que tais ganhos não devem ser tomados como garantidos.

Em uma cerimônia solene em uma igreja na antiga "faixa da morte" que dividia o leste e o oeste, Merkel declarou que o Muro de Berlim lembra "nós que precisamos fazer nossa parte pela liberdade e pela democracia".

"Os valores sobre a Europa são fundados [...] eles são tudo menos evidentes. E devem sempre ser vividos e defendidos de novo", disse ela a convidados de todo o continente.

Em 9 de novembro de 1989, os guardas de fronteira da Alemanha Oriental, sobrecarregados por grandes multidões, abriram os portões para Berlim Ocidental, permitindo a passagem livre pela primeira vez desde a construção do Muro de Berlim.

O momento importante acabaria derrubando o regime comunista e levou à reunificação alemã um ano depois.

Mas a euforia da democracia liberal que caracterizou o evento épico se dissipou três décadas depois, enquanto a aliança ocidental que ajudou a garantir essas realizações está cheia de divisões.

Surgiram rachaduras na União Europeia (UE), quando países do antigo bloco oriental, como Hungria ou Polônia, são acusados por Bruxelas de contestar o estado de direito.

Disputa interna

Internamente, a Alemanha também está lutando com uma extrema-direita ressurgente, que ganhou forte presença em seus antigos estados comunistas ao defender uma mensagem nacionalista e anti-imigração.

© Sputnik / Thiago de AraújoPlaca em uma das ruas de Berlim relembra por onde passava o muro que dividia as duas Alemanhas
Merkel defende Europa unida em celebração de 30 anos da queda do Muro de Berlim - Sputnik Brasil
Placa em uma das ruas de Berlim relembra por onde passava o muro que dividia as duas Alemanhas

Merkel disse que o passado deve servir de lição, observando que o colapso do Muro de Berlim é "história e nos ensina que nenhum muro que mantenha as pessoas afastadas e limite a liberdade é tão alto ou tão amplo que não pode ser rompido".

"Isso se aplica a todos nós no leste e no oeste: não temos desculpas e somos obrigados a fazer nossa parte pela liberdade e pela democracia", acrescentou.

Sob o céu cinzento, o presidente Frank-Walter Steinmeier e seus colegas da Polônia, Hungria, República Tcheca e Eslováquia colocam rosas em fendas em parte do Muro que ainda fica na Bernauer Strasse, ao norte do centro de Berlim.

Steinmeier sublinhou o papel desempenhado pelos europeus centrais na realização da revolução pacífica que demoliu o regime comunista. Mais tarde, no almoço, o presidente também observou a atmosfera mais grave nesse momento, em comparação com outras comemorações que marcaram o evento principal no calendário alemão, cinco ou dez anos atrás.

"Na Alemanha, estamos debatendo e, sim, brigando, mais do que antes, sobre a reunificação alemã e suas consequências", comentou ele a seus convidados na Europa Central. "Também na Europa, em seus países e também entre as sociedades europeias, há uma luta mais intensa e mais feroz, não apenas no futuro da Europa, mas também na interpretação do passado".

E as diferenças não estão apenas ressurgindo entre os antigos blocos leste ou oeste.

Dois dias antes do aniversário da mudança histórica, o presidente da França, Emmanuel Macron, fez uma acusação explosiva de que a parceria transatlântica da OTAN estava sofrendo de "morte cerebral" e que a própria Europa estava "à beira" do mesmo fim.

Merkel respondeu com uma nitidez incomum, dizendo na quinta-feira: "Não acho que sejam necessários julgamentos tão amplos", e a tempestade que se seguiu sobre a OTAN revelou as crescentes diferenças entre os aliados tradicionais.

O prelúdio mal-humorado das festividades contrastava fortemente com as celebrações de cinco anos atrás, quando o ex-líder soviético Mikhail Gorbachev e o ex-presidente polonês e ícone da liberdade Lech Walesa estavam presentes.

Mas os líderes das antigas potências da Guerra Fria estavam ausentes no 30º aniversário, com a política America First (América Primeiro) de Donald Trump, as lutas do Brexit na Grã-Bretanha e o ressurgimento da Rússia pressionando os laços.

A visita do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, terminou na sexta-feira, enquanto Macron só planeja uma visita aérea no domingo, deixando o aniversário real de 9 de novembro sem números de destaque global.

Pompeo também deixou um aviso severo: "Enquanto comemoramos, também devemos reconhecer que a liberdade nunca é garantida". "Hoje, o autoritarismo está mais uma vez aumentando", afirmou ele, citando a China e a Rússia.

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