"Vamos desenvolver conjuntamente sistemas de armas no futuro, incluindo um projeto de aeronave militar e um tanque. A Alemanha e a França estão na vanguarda aqui", afirmou a chanceler em seu tradicional vídeo semanal, desta vez dedicado ao 64º aniversário de fundação do organismo que representa as Forças Armadas do pós-guerra, o Bundeswehr.
Segundo Merkel, o conflito na Ucrânia e a "anexação da Crimeia" mais uma vez realizaram a defesa e a cooperação no âmbito de alianças militares, especialmente na OTAN.
"[Trata-se de um] componente militar com interesses de política externa e cooperação para o desenvolvimento dentro da UE [União Europeia]", prosseguiu Merkel.
A chanceler acrescentou que a segurança da Alemanha é garantida pela existência do Bundeswehr, para que as Forças Armadas recebam os recursos financeiros necessários para o desenvolvimento.
Os países ocidentais fizeram repetidamente alegações sobre a suposta agressão russa em relação ao conflito na Ucrânia e à reunificação da Crimeia com a Rússia. Moscou negou as alegações de envolvimento na crise e disse que a reunificação foi resultado de um referendo realizado em conformidade com as leis internacionais.
Ministro alemão alerta França sobre a OTAN
O ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, alertou neste domingo que não minará a aliança de segurança transatlântica da OTAN, no que foi vista como a resposta mais forte de Berlim até hoje aos comentários críticos do presidente francês Emmanuel Macron sobre a organização.
Macron disse à revista The Economist nesta semana que a OTAN estava passando por "morte cerebral", citando falta de coordenação e imprevisibilidade dos EUA sob o presidente Donald Trump. Ele também expressou dúvidas sobre a máxima segurança da aliança liderada pelos EUA de que um ataque a um aliado seria tratado como um ataque a todos.
"Seria um erro se minássemos a OTAN. Sem os Estados Unidos, nem a Alemanha nem a Europa poderão se proteger efetivamente", escreveu Maas em uma coluna publicada pela revista Der Spiegel.
Maas apoiou o apelo de Macron para fortalecer as capacidades de defesa da Europa. "É por isso que, juntamente com a França, estamos trabalhando duro para construir uma Europa que trabalhe muito mais próxima na política de segurança", continuou Maas.
Mas ele alertou contra a oposição entre a UE e a OTAN. "Sim, queremos uma Europa forte e soberana, mas precisamos dela como parte de uma OTAN forte e não como sua substituição", disse Maas.
Maas pediu a criação de um Conselho de Segurança Europeu, no qual a Grã-Bretanha também deveria ser parte, independentemente da saída planejada, mas atrasada, de Londres da União Europeia.
Maas afirmou que estava trabalhando de perto nessa ideia, juntamente com seu colega francês Jean-Yves Le Drian, acrescentando que a Alemanha pretende apresentar uma estrutura para esse Conselho de Segurança Europeu durante sua presidência da UE no segundo semestre de 2020.
Tradicionalmente, a França tem um papel ambivalente na OTAN, não participando de seu planejamento militar estratégico de 1966 a 2009, apesar de ser um membro fundador. Ainda assim, os comentários de Macron - um mês antes da cúpula da OTAN em 4 de dezembro em Londres - foram inesperados.
A Alemanha, por sua vez, foi acusada pelos Estados Unidos e aliados europeus de gastar muito pouco em defesa.
Merkel disse na sexta-feira que Macron estava exagerando. "O presidente francês encontrou palavras bastante drásticas para expressar suas opiniões. Não é assim que vejo o estado de cooperação na OTAN", disse Merkel em entrevista coletiva em Berlim, ao lado do secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg.