A venda ou transferência de alguns submarinos nucleares norte-americanos da classe "Virgínia" para a Austrália teria como objetivo fortalecer a posição dos EUA e aliados no oceano Pacífico, assim como contestar a presença chinesa na região, reportou a publicação.
Em entrevista à Sputnik, o capitão-de-mar-e-guerra Vassili Dandykin, membro do conselho de especialistas da organização social Oficiais da Rússia (Ofitsery Rossii), explicou que a posse desses submarinos nucleares pela a Austrália não confere aos EUA nenhuma vantagem estratégica em relação à Rússia ou China. Em contrapartida, a presença desses submarinos pode romper o equilíbrio de poder mundial.
"A Austrália não é uma potência nuclear [...] mas a posse de submarinos nucleares é uma questão muito séria, é uma ruptura no equilíbrio de forças", disse Dandykin.
O analista lembrou que há um número reduzido de potências nucleares no mundo: Rússia, França, China, Reino Unido e China são potências nucleares com status reconhecido pelos principais tratados internacionais, enquanto Índia, Paquistão e Israel são potências nucleares de facto.
"Imaginemos que um país como o Qatar, ou mesmo a Arábia Saudita, queira um dia ter essas armas. Isso seria bastante perigoso, porque trata-se de um tipo totalmente diferente de armamento", completou.
Apesar disso, Dandykin reiterou que, mesmo assim, a Austrália não obtêm nenhuma vantagem estratégica em relação à China ou Rússia, uma vez que os submarinos nucleares norte-americanos já são capazes de patrulhar o oceano Pacífico. O que muda, nesse caso, é somente a bandeira da embarcação, acredita o especialista.
Além disso, o interesse dos EUA em vender os submarinos pode estar relacionado ao atual processo de modernização da frota submarina da potência norte-americana.
Submarinos Nucleares
Atualmente, nenhum país não nuclearmente armado possui submarinos nucleares. A posse desses submarinos podem oferecer risco de proliferação nuclear, uma vez que o combustível dos submarinos contém urânio enriquecido.
O Brasil está na corrida para ser o primeiro país não nuclearmente armado a possuir um submarino nuclear. Em 2010, Brasil e França assinaram acordo de transferência de tecnologia para que o Brasil construa seu primeiro submarino nuclear.O submarino está em construção nas instalações da Marinha brasileira, no Estado do Rio de janeiro. No entanto, cortes regulares no orçamento das obras atrasam o cronograma da entrega do armamento.