"Um representante do Itamaraty veio até aqui, mas disse que não tomaria nenhuma providência em relação aos invasores, pois o governo do Brasil não reconhece [Nicolás] Maduro como presidente da Venezuela", denunciou o parlamentar, que conseguiu entrar na embaixada no início da manhã. O funcionário foi identificado como Maurício Correia, chefe da Coordenação-Geral de Privilégios e Imunidades do Ministério das Relações Exteriores.
Segundo Pimenta, um grupo de cerca de 30 pessoas, apoiadores do autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, entrou no espaço nesta quarta-feira (13). "A maior parte são venezuelanos, mas também há brasileiros. Entraram como respaldo do governo brasileiro. Estão fardados, são uma milícia, agentes contratados, lutadores", disse o deputado.
O parlamentar afirmou ainda que o grupo entrou na área residencial da embaixada, assustando "mulheres e crianças" que estavam ali.
O aviso sobre a ação partiu do encarregado de negócios da Venezuela no Brasil, Freddy Meregote, que disparou áudios para parlamentares e lideranças de movimentos sociais. Os invasores teriam pulado o muro e ocupado as instalações.
O grupo, no entanto, diz que entrou no local pacificamente, com autorização de funcionários da representação diplomática que teriam desertado e reconhecido Guaidó como presidente venezuelano. Tomás Alejandro Silva, ministro-conselheiro da embaixada nomeado por Guaidó, teria tido o acesso liberado ao local pela primeira vez.
Governo Bolsonaro não reconhece delegação venezuelana
A Polícia Militar de Brasília foi acionada, mas como a embaixada é considerada território estrangeiro não pode entrar no local.
O governo de Jair Bolsonaro não reconhece a delegação diplomática venezuelana como representante oficial do país. Guaidó indicou a advogada María Teresa Belandria Expósito como embaixadora no Brasil, nomeação aceita pelo Itamaraty. A Venezuela não tem embaixador em Brasília desde 2016, quando Maduro convocou o então diplomata que exercia a função de volta a Caracas.
Por meio de um comunicado, Belandria disse que "funcionários" da embaixada entraram em contato com os representantes do governo autoproclamado para informar "que reconhecem Juan Guaidó como presidente". Em seguida, eles teriam entregado "voluntariamente" a sede diplomática" e comunicado o Itamaraty.
'Invasão de território estrangeiro'
A ocupação da embaixada coincide com o primeiro dia da reunião de cúpula do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Brasília. O governo da Venezuela pediu para o Brasil garantir a segurança do local.
"Trata-se de uma invasão de um território estrangeiro, algo proibido pela Convenção de Viena", disse Pimenta.
Pelo Twitter, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) elogiou a ação do grupo.
Nunca entendia essa situação. Se o Brasil reconhece Guaidó como presidente da Venezuela por que a embaixadora Maria Teresa Belandria @matebe, indicada por ele, não estava fisicamente na embaixada? Ao que parece agora está sendo feito o certo, o justo. pic.twitter.com/nQbTWBr55Q
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) November 13, 2019
"Nunca entendia essa situação. Se o Brasil reconhece Guaidó como presidente da Venezuela por que a embaixadora Maria Teresa Belandria, indicada por ele, não estava fisicamente na embaixada? Ao que parece agora está sendo feito o certo, o justo", argumentou.
Procurado por essa reportagem, até o Itamaraty não se posicionou a respeito da situação.