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Liderada pelo PSL, Frente Parlamentar Contra o Aborto reúne 205 congressistas

© Folhapress / Willian Moreira / Futura PressAcampamento montado por ativistas que fazem campanha contra o aborto na frente do Hospital Pérola Byington, no centro de São Paulo (SP), nesta sexta-feira (25). Vítimas de abuso sexual atendidas pelo hospital se sentem constrangida pela abordagem do grupo.Willian Moreira/Futura Press/Folhapress)
Acampamento montado por ativistas que fazem campanha contra o aborto na frente do Hospital Pérola Byington, no centro de São Paulo (SP), nesta sexta-feira (25). Vítimas de abuso sexual atendidas pelo hospital se sentem constrangida pela abordagem do grupo.Willian Moreira/Futura Press/Folhapress) - Sputnik Brasil
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Apesar da interrupção voluntária da gravidez já ser proibida no Brasil, a Frente Parlamentar Mista contra o Aborto e em Defesa da Vida reúne mais de um terço dos deputados federais e 11 senadores.

A iniciativa é coordenada pela deputada federal Chris Tonietto (PSL-RJ) e reinaugura uma tradição iniciada em 2005, quando pela primeira vez os congressistas se organizaram em uma frente parlamentar contra o aborto. 

A legislação no Brasil veda a interrupção da gravidez e a permite em apenas três casos: estupro, quando há risco de vida para a mãe e em casos de feto anencefálico.

"Quando você faz esse tipo de Frente, você também atua no campo moral, para criar um valor social de mais julgamento, de penalização e discriminação de mulheres que praticam o aborto, inclusive nas condições permitidas na lei", diz à Sputnik Brasil a professora do curso de obstetrícia da Universidade de São Paulo (USP) Elizabete Franco Cruz. 

De acordo com a Pesquisa Nacional do Aborto, uma a cada cinco mulheres brasileiras realizará um aborto até o fim da vida. Cruz afirma que, apesar da proibição do aborto, ele é uma realidade e quem tem recursos financeiros pode arcar com um tratamento adequado, situação que não se repete com quem não tem dinheiro.

"Estudos mostram que a proibição do aborto gera uma maior mortalidade materna, porque na medida que o aborto não é oficializado, além de situações de desgaste emocional e físico da prática de algo que é considerado pecaminoso e proibido, isso ainda acarreta danos à saúde porque as mulheres farão aborto em condições não adequadas", ressalta a professora da USP. 

A presidente do Movimento Brasil Sem Aborto, Lenise Garcia, vê com bons olhos a Frente Parlamentar e enxerga a iniciativa da deputada federal Chris Tonietto como uma medida para resistir à tentativas de mudar a legislação sobre o tema. 

Garcia não acredita que a proibição do aborto seja uma ferramenta de dominação sobre os corpos das mulheres: "A criança não faz parte do corpo das mulheres, ela está simplesmente alojada nele por um período. Ela tem pai e mãe, não é parte do corpo da mãe, senão não sobraria nada do pai para ela."

"Todo mundo tem o direito de não engravidar, mas a partir do momento que a pessoa gerou uma criança, então os direitos da criança prevalecem", diz a presidente do Movimento do Brasil Sem Aborto à Sputnik. 

Já a professora Elizabete Franco Cruz enxerga a proibição do aborto como uma limitação na autonomia feminina.

"É uma questão histórica de dominação dos corpos das mulheres. Veja, a via de parto é decidida por um profissional, a mulher não tem autonomia, ela não tem nem autonomia para poder decidir [ter um filho] ou não. O cruel é que essa dominação sobre os corpos das mulheres impede uma autonomia sobre algo que vai ter consequência na vida das mulheres."

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