O ministro interino do Interior, Arturo Murillo, afirmou que as prisões vão ser iniciadas nesta segunda-feira (18). "A partir de segunda-feira vou ordenar, e já tenho listas que estão sendo passadas por líderes de várias zonas, vão começar a detê-los com ordens fiscais", declarou.
"Há senadores e senadoras, deputados e deputados, nem todos, alguns deles, alguns deles, que vou começar a publicar seus nomes, que estão fazendo subversão", assegurou o ministro interino do Interior, Arturo Murillo.
Ele também afirmou que tanto "os líderes como os próprios cidadãos" repassam informações sobre as pessoas que "estariam cometendo rebelião contra o atual governo interino".
O presidente deposto Evo Morales reagiu no Twitter:
En lugar de pacificación, ordenan difamación y represión contra hermanos del campo que denuncian el golpe de Estado. Después masacrar a 24 indígenas, ahora preparan un Estado de Sitio. Sería la confirmación de que pidiendo democracia instalaron una dictadura.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) November 18, 2019
"No lugar da pacificação, ordenam a difamação e a repressão contra os irmãos do campo que denunciam o golpe de Estado. Depois de massacrar 24 indígenas, estão agora preparando um Estado de Sítio. Seria a confirmação de que, ao pedir democracia, instalaram uma ditadura"
Indo atrás de 'traidores'
Já na semana passada, quando assumiu interinamente o Ministério do Governo, Murillo afirmou que o novo Executivo do país sul-americano irá "à caça" de Juan Ramón Quintana, ministro da Presidência durante a Administração Socialista, e Raúl García Linera, irmão do ex-presidente Álvaro García Linera, exilado no México.
"Que comecem a correr, vamos apanhá-los. Não vamos permitir que ninguém mais continue fazendo sedição no país", declarou minutos depois de tomar posse.
Murillo acredita que Quintana e García Linera foram supostamente responsáveis pelos tumultos que ocorreram no domingo (17) após a renúncia de Morales, que deixou o cargo após o pedido público de renúncia feito pelas Forças Armadas e pela Polícia.
Um decreto controverso
Na sexta-feira (15), foi publicado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) um decreto assinado pelo governo interino.
O texto autoriza os militares a usar "todos os meios disponíveis" para controlar as manifestações e isenta de "responsabilidade criminal o pessoal das Forças Armadas bolivianas que participam de operações para restaurar e estabilizar a ordem interna". A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) denunciou no sábado (16) a emissão do mesmo como um "decreto grave".
De acordo com estimativas da CIDH, um total de 23 pessoas foram assassinadas e 715 feridas desde 20 de outubro, dia das eleições na Bolívia, 20 delas desde a renúncia de Morales.