Escrita como detector: agora laser poderá avaliar estado de saúde mental

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Escrevendo (imagem ilustrativa) - Sputnik Brasil
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Cientistas da Universidade Nacional de Pesquisa Nuclear MEPhI (Rússia) criaram um método inédito de avaliar particularidades individuais, inclusive patológicas, da velocidade da escrita e da pressão do lápis ou caneta sobre o papel.

O método foi criado no âmbito de uma pesquisa internacional da biomecânica dos movimentos das mãos durante a escrita e desenho, cujos resultados foram publicados na revista Laser Physics Letters.

O método usa o espalhamento dinâmico de luz (DLS, na sigla em inglês). Ao penetrar em meios densos não transparentes (por exemplo, tecidos biológicos ou papel), a luz do laser espalha-se sobre os elementos da sua estrutura interna, dividindo-se em múltiplos raios finos de luz. Estes fragmentos da luz espalhada interferem entre si, formando zonas de interferência positiva e negativa, chamadas de speckles (regiões granuladas).

Se no meio houver algum movimento, a figura de interferência, composta de speckles, começa a vibrar. A análise da vibração dos speckles permite medir quantitativamente as propriedades estruturais do meio que espalha a luz.

"O método de análise de speckles de laser é muito sensível a qualquer ação mecânica, inclusive se as mudanças ocorrem à escala micro e nano", comenta um dos autores da pesquisa e professor da MEPhI e da Universidade de Aston, Igor Meglinsky.

"Todas as alterações das propriedades estruturais e físicas são registradas por uma câmera digital de alta velocidade, e depois um algoritmo de computador especial faz os cálculos e restabelece os dados completos sobre o movimento da mão e do lápis ou da caneta nas três dimensões e no tempo", explica Meglinsky.

"Supomos que este método pode ser usado pelos peritos criminais para análise sistêmica e estudo das particularidades da escrita dos criminosos, das suas vítimas e das testemunhas do crime", sublinha o professor.

Ele nota que a principal tarefa da equipe de pesquisa era implementar os resultados na prática médica e criminalística.

Agora, está em curso a coleta e avaliação de materiais para ulterior adaptação do método para ele ser usado na prática de peritagem criminal. Participa disso o grupo de pesquisa chefiado pelo professor Vyacheslav Kalchenko, especialista na área da psiquiatria forense e grafologia, e doutor Yuri Kuznetsov (ambos trabalham no Instituto Weizmann, em Israel).

É possível que o método possa ser usado para dizer se uma pessoa estava sob o efeito de psicotrópicos.

Os cientistas acreditam que o método pode aumentar a eficácia de diagnósticos não invasivos de várias doenças nervosas e psíquicas: autismo, doenças de Alzheimer e Parkinson, epilepsia, esquizofrenia. Inclusive em crianças: a maneira de desenhar ou escrever da criança poderá ajudar na avaliação do estado da saúde ou da eficiência do tratamento ou do método de reabilitação escolhido.

Além da MEPhI, da pesquisa participaram a Universidade de Aston (Birmingham, Reino Unido), a Universidade de Oulu (Oulu, Finlândia) e o Instituto Weizmann (Rehovot, Israel).

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