Na realidade, Bolsonaro poderia tornar esse desejo em realidade, uma vez que o país continua enfrentando desafios para democracia e ordem cívica, elevando os riscos para o atual presidente.
As tensões no Brasil estão aumentando e, na semana passada, foi adicionado mais um fator contribuinte para que o país possa entrar em um estado de ebulição: a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Lula era considerado o maior prêmio obtido pelos aliados de Bolsonaro e pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, que condenou o ex-presidente por corrupção, justamente quando o ex-presidente era considerado favorito para vencer as eleições presidenciais.
Com a liberação de Lula, Bolsonaro e sua "trupe" voltam a pedir a prisão preventiva do ex-presidente sob a acusação de estar incitando a violência no país, contra o atual governo. Entretanto, como isso não aconteceu, militares e membros do movimento Bolsonaro expressaram o desejo pelo retorno da lei da era da ditadura, o Ato Institucional Número 5 (AI-5), observou o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) no jornal The Guardian.
O AI-5 foi criado pelo regime militar em 1968, autorizando a ditadura a encerrar o congresso e ignorar as ordens judiciais, além de suspender os direitos constitucionais em nome da ordem.
"Se a esquerda radicalizar, precisaremos responder, e essa resposta poderá ser através de um novo AI-5", afirmou Eduardo Bolsonaro em tweet.
A declaração expôs ainda mais a ligação do clã Bolsonaro com as milícias, que inclusive poderia estar envolvido no caso do assassinato de Marielle, segundo a TV Globo.
A trupe de Bolsonaro estaria revelando a verdadeira intenção do presidente brasileiro, de provocar a desordem e espalhar a violência pelo país, para então justificar a restauração das medidas repressivas do regime militar.
Vale destacar que, por diversas vezes, Bolsonaro deixou claro que a ditadura militar estaria acima da democracia do país. Contudo, Bolsonaro não pode simplesmente passar por cima da democracia, e por isso, estaria procurando pretextos que justifiquem o retorno da ditadura, da mesma forma que ocorreu durante o golpe militar de 1964.