"Disseram-nos que os Estados Unidos são contra o meu regresso [à Bolívia]. Quero voltar já amanhã [22 de novembro]. Estamos esperando que o governo de fato nos dê garantias. Se algo acontecer comigo, o governo interino será responsável", disse Morales.
Anteriormente, o ex-presidente, que atualmente se encontra no México, onde recebeu asilo político no início de novembro, pediu a ajuda de mediadores internacionais para retornar à Bolívia.
Morales advertiu as Forças Armadas do país que não poderão evitar ser responsabilizadas por reprimir os manifestantes, dizendo que o direito internacional é superior ao decreto do governo, assinado pela presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, permitindo que os militares reprimam os manifestantes e que sejam isentos da responsabilidade criminal por possíveis crimes cometidos durante os protestos.
"Gostaria que as Forças Armadas soubessem que as normas internacionais estão acima de qualquer lei ou decreto e que vocês não poderão evitar a responsabilidade. Houve crimes contra a humanidade", disse Morales na quarta-feira, comentando o número crescente de vítimas durante os protestos contra o governo interino boliviano.
Morales observou que a paz na Bolívia continua sendo uma prioridade para ele.
Situação alarmante
A crise política na Bolívia se agravou drasticamente após o anúncio da vitória de Morales no primeiro turno das eleições 20 de outubro e o não reconhecimento do resultado por parte da oposição, que classificou o pleito como fraude.
Em meio aos violentos protestos que tomaram conta do país, o ex-presidente boliviano anunciou a renúncia por exigência das Forças Armadas bolivianas, seguida pela renúncia de toda a liderança sênior do país. Os poderes presidenciais foram assumidos pela vice-presidente do Senado, Jeanine Áñez, na oposição.