A companhia aérea LATAM inaugurou o voo São Paulo-Malvinas, com escala na cidade argentina de Córdoba. Veteranos de guerra protestaram em frente ao Ministério das Relações Exteriores, em Buenos Aires.
"Repudiamos a entrega que esse governo [de Mauricio Macri] faz da soberania nacional, que transformou a nossa chancelaria, de defensora de nossos direitos, em gestora dos interesses britânicos nas ilhas Malvinas", disse à Sputnik Mundo Gustavo Pirich, presidente da Associação de Combatentes das Malvinas pelos Direitos Humanos.
O grupo manifestou repúdio pela decisão da justiça que deu permissão para a abertura da nova rota. O voo foi inaugurado no dia 20 de novembro, data em que se celebra o "Dia da Soberania Nacional" na Argentina.
#Argentina: Veteranos y familiares de excombatientes de la guerra de Malvinas (1982, contra el Reino Unido) repudian la inauguración de un vuelo a las islas en el Día de la Soberanía y la política internacional del gobierno de @mauriciomacri pic.twitter.com/MFJVmsFsWC
— Sputnik Reporteros (@Sputnik_Report) November 20, 2019
Veteranos e familiares de ex-combatentes da Guerra das Malvinas (1982, contra o Reino Unido) repudiam a inauguração de novo voo para as ilhas no dia da soberania e a política internacional do governo Maurício Macri.
Política de Macri para as Malvinas
O grupo de manifestantes também expressou desacordo com o acordo Foradori-Duncan, assinado em 13 de setembro de 2016, que "elimina todas as travas que impedem o desenvolvimento normas das ilhas, no que para nós constituiu uma verdadeira rendição ao inimigo, usurpador de nossos territórios", disse Pirich.
Na ocasião, os governos Macri e Theresa May se comprometeram a aprofundar o "crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável das Malvinas, incluindo pesca, navegação e hidrocarbonetos".
Os manifestantes acreditam que o acordo implica o reconhecimento da perda da soberania sobre as ilhas por parte da Argentina.
"Estamos aqui para exigir que o Governo Britânico sente-se para negociar a soberania [sobre as Malvinas], conforme estipulado pela ONU, e também que o futuro governo do nosso país tenha a firmeza necessária e vontade política para que a Argentina volte a ser dos argentinos", concluiu Pirich.
O acordo de 2016 permitiu voos com destino ao arquipélago provenientes de países terceiros, sem escalas no território argentino.
Disputa sobre as ilhas Malvinas
O Reino Unido ocupou o arquipélago das Malvinas, localizado na costa argentina, em 1833. Em 1982, a ditadura argentina tentou reaver o território e iniciou uma guerra na qual morreram mais de 649 soldados argentinos, 255 britânicos e três moradores das ilhas.
As ilhas possuem reservas de petróleo offshore, além de estarem localizadas em uma área estratégica no Atlântico Sul. A Organização das Nações Unidas reconheceu, em 1965, as ilhas Malvinas como um território em disputa controlado pelo Reino Unido.
O Brasil reconhece o direito argentino sobre as ilhas Malvinas desde a ocupação britânica, e reitera seu apoio em órgãos internacionais e em foros da política regional.
Na ocasião da guerra entre a Grã Bretanha e a Argentina, em 1982, o Brasil forneceu apoio político à Argentina, mas não se envolveu nas hostilidades. O país defende a resolução da disputa por meio do diálogo.