Nascido em Portugal, Sobel se estabeleceu em Nova York, nos EUA, onde tornou-se rabino. Ele veio para o Brasil na década de 1970, onde se radicou e se tornou uma das principais lideranças religiosas no país.
Sobel atuou de maneira decisiva no período da ditadura militar no Brasil (1964-1985), sobretudo no episódio do assassinato do jornalista Vladimir Herzog.
Rabino emérito da Congregação Israelita Paulista (CIP), ele recusou a versão de suicídio, sustentada pelos militares, e permitiu o sepultamento de Herzog no Cemitério Israelita do Butantan, seguindo os ritos judaicos.
Além disso, o rabino participou, ao lado de dom Paulo Evaristo Arns e do reverendo James Wright, de um ato ecumênico ao jornalista, que tinha origem judaica, em 31 de outubro de 1975, uma semana após o assassinato de Herzog na sede do DOI-CODI, em São Paulo.
"Se houvesse um outro caso Vladimir Herzog, eu agiria da mesma forma. Estávamos lutando por um ideal só. A liberdade, os direitos humanos", declarou na época em que o Estado brasileiro reconheceu o assassinato do jornalista, alterando o seu atestado de óbito original que constava como suicídio.
"[Recebo a notícia] com muita alegria, porque Vlado merecia esse reconhecimento. E falta buscar outros Vlados cujos direitos foram violados, Vlados humilhados em vida e depois da vida. O trabalho pelos direitos humanos está apenas começando no Brasil. Temos um longo caminho a percorrer. E, enquanto for rabino, algo que pretendo ser até o fim da minha vida, assumo o compromisso de lutar por isso. A morte de Vladimir Herzog não terá sido em vão", acrescentou.
Em 2014, a vida do rabino foi parar nas telonas, no documentário intitulado 'A História do Homem Henry Sobel'.
De acordo com nota divulgada pela família do rabino, ele sempre foi uma "voz firme em defesa dos direitos humanos no Brasil". Ele será enterrado no próximo domingo, no Cemitério Woodbridge Memorial Gardens, em Nova Jersey, nos EUA.