Apesar de suas tentativas de diminuir a influência da moeda norte-americana, a China lançou o maior lote de títulos do governo em dólares na sua história. Esses títulos oferecem taxas de juros substanciais para investidores globais famintos por grandes lucros.
Estas obrigações têm maturidades de 3, 5, 10 e 20 anos e suas taxas de rentabilidade são em 0,35 e 0,7 pontos percentuais superiores às das obrigações norte-americanas com a mesma maturidade. Como resultado, o rendimento de um título chinês a 10 anos atingirá 2,3%.
Com esta emissão, o país asiático procura angariar fundos no valor de 6 bilhões de dólares. Em troca, Pequim oferece aos investidores globais um instrumento de investimento financeiro de qualidade assegurado pelo próprio país asiático.
Esta oferta vem quando a prolongada tendência de alta no mercado global de títulos começou a diminuir. Em particular, a taxa de rentabilidade das obrigações emitidas pelo Departamento do Tesouro dos EUA aumentou apenas 0,3 pontos percentuais desde setembro, o que resultou em uma descida dos preços e receios de uma recessão global.
Reações à medida
Samuel Fischer, um dos executivos do Deutsche Bank da Alemanha, acredita que esta emissão recorde permitirá ao Ministério das Finanças da China ganhar "uma experiência sólida como emissor regular de títulos denominados em dólares no mercado internacional".
Alicia García Herrero, economista-chefe da Ásia-Pacífico no banco francês Natixis, enfatizou que esta oferta é feita ao mesmo tempo em que se agrava a saúde financeira das empresas chinesas. Nestas circunstâncias, tal medida garantirá um parâmetro de referência de qualidade que ajudará a fixar preços mínimos para outros emissores de obrigações chineses, como os agentes imobiliários.
A especialista diz que hoje essas empresas chinesas estão fortemente alavancadas e em 2020 enfrentarão uma onda de vencimentos de dívidas.
A atual emissão vem depois do lançamento de títulos denominados em euros no início de novembro, que ajudou a China a angariar US$ 4,4 bilhões (R$ 13,8 bilhões) em fundos. A China voltou ao mercado obrigacionista denominado em dólares em 2017, após mais de uma década de ausência. Em 2018, Pequim emitiu obrigações denominadas em dólares no valor de US$ 3 bilhões (R$ 12,7 bilhões), com maturidades de 5, 10 e 30 anos.