Uma pesquisa realizada por cientistas brasileiros e franceses demonstrou pela primeira vez que os incêndios da Amazônia contribuem para o derretimento das geleiras nos Andes, de acordo com o estudo publicado no jornal Scientific Reports.
Os especialistas encontraram quantidades significativas de fuligem que acabaram por cair nas montanhas cobertas de neve localizadas na área norte das cadeias montanhosas, reduzindo a quantidade de luz refletida e acelerando o derretimento do gelo.
Este fenômeno acontece devido à direção predominante do vento durante a mudança da estação seca para a úmida, entre os meses de agosto e outubro, quando ocorre a maior parte dos incêndios na zona.
Quando a fuligem cai na cordilheira, a neve fica mais escura, refletindo menos luz e fazendo aumentar a temperatura. Dependendo das concentrações, estas partículas podem aumentar o derretimento entre os 3% e 14% por ano.
A ameaça afeta principalmente a Bolívia e o Peru, por estarem localizados em uma zona com mais potencial impacto. Devido aos ventos, as colunas de fumaça provenientes das queimadas florestais na região amazônica atingem a linha de neve das montanhas nestes países.
Os pesquisadores mencionaram que o desmatamento em grande escala e as queimadas da floresta são consequências diretas da atividade humana, no entanto a intensidade da distribuição do fogo depende da gravidade das condições de seca.
Os resultados deste estudo acrescem às preocupações de outra pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, realizada em 2016, na qual se destacava que algumas áreas dos Andes cobertas de geleiras foram reduzidas quase à metade desde os anos 70 por esta e outras razões.