As vítimas tinham entre 14 e 23 anos e foram pisoteadas durante a atuação dos PMs em um baile funk. Segundo o comandante da corporação, coronel Marcelo Vieira Salles, a medida retira os policiais das atividades nas ruas e visa "preservá-los".
"Temos que concluir o inquérito. Eles continuarão nas unidades em serviços administrativos no mesmo horário deles fazendo outras coisas porque é uma área complexa, a área da primeira companhia é uma área complexa. Havendo um outro evento parecido eles poderão ser prejudicados. Então eles estão sendo preservados", disse Salles, citado pelo portal G1.
No total, 38 policiais militares participaram da ação no baile funk. Na versão dos PMs, as mortes ocorreram após uma perseguição policial, na qual os agentes de segurança foram alvos de tiros. Contudo, moradores negaram essa versão, acusando a polícia por uma emboscada.
Contudo, o boletim de ocorrência do caso só traz até o momento a versão dos policiais militares do 16º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M). Além da investigação que está sendo conduzida pelo Departamento de Homicídios (DHPP) da Polícia Civil de São Paulo, um inquérito militar vai apurar a conduta dos agentes na Operação Pancadão, como é chamada a intervenção policial aos finais de semana em pontos conhecidos de bailes funk.
Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pediu "prioridade máxima das instituições competentes no governo do estado, para que apurem com rigor os acontecimentos em Paraisópolis, assim como modifiquem os procedimentos de intervenção policial, para que sejam evitadas mais mortes".
Já a ONG Human Rights Watch (HRW) pediu que o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) exerça a sua "competência e obrigação constitucional de exercer o controle externo sobre o trabalho da polícia", garantindo assim "uma investigação rápida, completa e independente sobre qualquer abuso e uso excessivo da força nesse caso, bem como sobre os ferimentos e as mortes".
Vítimas pisoteadas
A grande maioria dos nove mortos na tragédia – Marcos Paulo Oliveira dos Santos, 16 anos; Bruno Gabriel dos Santos, 22 anos; Eduardo Silva, 21 anos; Denys Henrique Quirino da Silva, 16 anos; Mateus dos Santos Costa, 23 anos; Gustavo Cruz Xavier, 14 anos; Gabriel Rogério de Moraes, 20 anos; Luara Victoria de Oliveira, 18 anos; e um homem não identificado, aproximadamente 28 anos – tinha menos de 23 anos de idade e não morava em Paraisópolis.
Segundo moradores e testemunhas que estavam no baile funk, a polícia entrou na comunidade e fechou duas esquinas. Em seguida, os policiais teriam atirado bombas de gás e balas de borracha, atirado garrafas e agredido os presentes com spray de pimenta e cassetetes. Na correria, jovens entraram em algumas vielas e alguns deles acabaram pisoteados.
Já os PMs destacaram que uma moto passou por um comboio de policiais e o garupa abriu fogo contra os agentes. A perseguição chegou até o baile funk, onde os PMs teriam sido hostilizados pelos presentes, o que levou ao "uso moderado da força" para dispersar a multidão.
Ao menos dois laudos do Instituto Médico Legal (IML) divulgados pela revista Época mostram que Luara e Dennys morreram pela mesma causa: "asfixia mecânica por sufocação indireta". Outros detalhes sobre as causas da morte desses e dos demais jovens devem sair apenas em algumas semanas, quando os laudos de necropsia forem finalizados.