O Ministério Público de São Paulo abriu investigação sobre as nove mortes de jovens na favela de Paraisópolis, ocorridas no domingo (1º), tratando os casos como homicídios, contrariando a versão oficial da Polícia Militar de São Paulo de que os jovens foram pisoteados.
Segundo publicado pela Folha de São Paulo, o procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio, designou na terça-feira (3) a promotora Soraia Bicudo Simões para apurar os "homicídios que ocorreram em Paraisópolis". A apuração deve durar pelo menos 30 dias.
Versão oficial é contestada
As mortes de Gustavo Cruz Xavier, Dennys Guilherme dos Santos Franco, Marcos Paulo Oliveira dos Santos, Denys Henrique Quirino da Silva, Luara Victoria Oliveira, Gabriel Rogério de Moraes, Eduardo da Silva, Bruno Gabriel dos Santos e Mateus dos Santos Costa, que tinham entre 14 e 23 anos, foram registradas pela Polícia Miliar do Estado de São Paulo como decorrentes de pisoteamento.
A polícia afirma que realizou uma operação no local em que perseguiu suspeitos até o baile funk na favela de Paraisópolis. A operação teria causado pânico nos cerca de 5 mil pessoas que participavam da festa e por isso o pisoteamento.
A versão da PM, porém, é contestada por moradores, que negam que houve perseguição. Além disso, os atestados de óbito dos jovens mostram que a causa da morte de pelo menos quatro deles teria sido asfixia e trauma na medula, conforme publicou o UOL.
Vídeos reforçam contradição
Diversos vídeos que circulam nas redes sociais mostram policiais agredindo jovens rendidos em Paraisópolis durante a confusão. Em um deles, um policial munido de cassetete desfere golpes contra jovens que caminham de mãos erguidas.
Senhor @jdoriajr ,quem é o PM das imagens? Quem ocupa o posto de governador do Estado tem o dever de controlar suas polícias. Nas imagens, o policial agride até mesmo um rapaz que caminha com o auxílio de muletas pic.twitter.com/U3vxQJBayb
— André Caramante (@andrecaramante) December 3, 2019
O vídeo chegou a ser rechaçado pelo governador paulista João Doria (PSDB), que anteriormente lamentou as mortes dos jovens mas defendeu a política de segurança pública praticada em São Paulo. Doria defendeu que o policial seja investigado pelas agressões.
Ao tomar conhecimento do novo vídeo que mostra um policial agredindo jovens em uma esquina de Paraisópolis, exigi punição exemplar ao agressor, já afastado de suas funções. Práticas como essa não condizem com o procedimento da Polícia de SP e serão veementemente condenadas.
— João Doria (@jdoriajr) December 3, 2019