Com base em imagens inéditas de teste de míssil de médio alcance Shahab-3, França, Alemanha e Reino Unido acusam o Irã de desenvolver mísseis balísticos com capacidades nucleares, em violação à Resolução do Conselho de Segurança da ONU que endossou o acordo nuclear iraniano.
A carta aponta imagens de 22 de abril de 2019, que revelam teste da nova versão do míssil balístico de médio alcance, o Shahab-3, equipada com "veículo manobrável de reentrada", que seria "tecnicamente capaz de carregar uma arma nuclear".
A carta cita ainda testes de mísseis realizados em julho de 2019 e a tentativa frustrada de lançar um satélite iraniano, o Safir, em agosto deste ano, como provas de que o "Irã continua proliferando a tecnologia de mísseis balísticos na região".
Membros da administração Trump também afirmam que o Irã estaria trabalhando para obter mísseis capazes de carregar armas nucleares, reportou a AP.
Violação à Resolução do Conselho de Segurança?
Os representantes europeus alertaram o secretário-geral da ONU, António Guterres, para o fato de os programas de mísseis balísticos iranianos serem "inconsistentes" com a Resolução do Conselho de Segurança que endossou o acordo nuclear iraniano.
"O Irã é incitado a não desenvolver nenhuma atividade relacionada a mísseis balísticos desenvolvidos para carregar armas nucleares [...] até oito anos após a adoção do acordo nuclear", versa a Resolução 2231 de 2015.
Conforme a resolução, o veto ao desenvolvimento deste tipo de mísseis é condição para a manutenção do acordo nuclear iraniano.
Os europeus também citaram relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de 2015, no qual inspetores identificaram "provas contundentes de que os pesquisadores iranianos trabalhavam para armar o Shahab-3 com ogivas nucleares, entre os anos de 2002 e 2003".
O Conselho de Segurança agendou uma reunião para discutir a implementação da resolução de 2015 sobre o acordo nuclear iraniano, a ser realizada em 19 de dezembro.
O presidente Donald Trump retirou unilateralmente os EUA do acordo nuclear em maio de 2018. No entanto, os membros do Conselho de Segurança da ONU - França, Reino Unido, Rússia, China mantêm seu apoio ao acordo.