Diplomatas na sede da OMC, em Genebra, estão perdendo as esperanças de que os EUA mudem a sua posição e permitam que o órgão de apelação da instituição continue funcionando após 11 de dezembro.
Caso fique paralisado, inúmeras disputas comerciais entre os 164 países membros da OMC ficarão acumuladas, o que significa que países que violarem as regras internacionais de comércio não sofrerão as consequências de seus atos.
O órgão de apelação da OMC precisa de pelo menos três juízes para seguir operando. Mas os EUA têm bloqueado a nomeação de novos membros e a substituição de juízes cujos mandatos expiraram.
Na meia-noite desta terça-feira (10), os últimos três juízes em exercício devem se retirar do cargo, sem nenhum sucessor previsto para substituí-los.
A Organização Mundial do Comércio, atualmente chefiada pelo diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, está sob forte pressão desde o início da administração Trump, que impôs tarifas a países como a China invocando o direito de defender a "segurança nacional".
"Se as disputas comerciais não puderem ser resolvidas de forma imparcial, há maior possibilidade de governos tomarem as rédeas e retaliarem [...] isso pode levar à contrarretaliação e à escalada", argumentou Azevêdo em pronunciamento nesta sexta-feira (6).
"Resolver prontamente o impasse do Órgão de Apelação é importantíssimo para restaurar a confiança e cooperação nas relações comerciais globais", declarou.
O Brasil, membro da OMC desde a sua fundação em 1995, utiliza ativamente o órgão de solução de controvérsias da organização. Por exemplo, entre 1996 e 2002, os governos brasileiro e canadense se envolveram em uma disputa quanto às montadoras de aviões Embraer e Bombardier.
Outro caso emblemático envolvendo o Brasil foi o do algodão, no qual Brasília acusou Washington de praticar subsídios ilegais na sua produção de algodão. O tribunal da organização deu ganho de causa ao Brasil, em outubro de 2014.