O major-general Barre Seguin, vice-chefe do Estado-Maior para o Emprego Estratégico do Supremo Quartel-General das Potências Aliadas na Europa, disse que no próximo ano os EUA planejam realizar seus maiores exercícios militares em território europeu desde a Guerra Fria, segundo citado pela Reuters na quarta-feira (11).
Seguin disse que durante os exercícios previstos para abril e maio de 2020, cerca de 20.000 militares dos EUA serão enviados para a Europa, e que "é a primeira vez que demonstramos esta capacidade de nos reforçarmos rapidamente, de uma perspectiva transatlântica [...] em cerca de 25 anos".
Ele insistiu que a realização de tais exercícios "demonstra realmente a unidade transatlântica e o empenhamento dos EUA na OTAN".
Parte dos jogos de guerra serão para o Exército dos EUA avaliar sua capacidade de transportar seus soldados através do oceano para a Bélgica e os Países Baixos, bem como para o flanco oriental da OTAN, através da Alemanha e da Polônia, de acordo com Seguin.
Ele comparou os exercícios às manobras Regresso das Forças à Alemanha ou REFORGER, realizadas nos anos 80. Um total de 37.000 soldados deverão participar dos próximos treinamentos, durante os quais os militares dos EUA se juntarão às forças norte-americanas estacionadas por toda a Europa e aos militares de 18 aliados da OTAN antes de regressarem a casa.
"Estamos entrando em uma era de competição estratégica em tempo de paz. A aliança foi reorientada", disse ele sem desenvolver.
Trump ameaça aliados com sanções
A declaração surge depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, disse durante a cúpula da OTAN em Londres na semana passada que Washington imporá bloqueios comerciais aos aliados europeus se eles não cumprirem seus compromissos com as despesas de defesa.
"Se algo acontecer, devemos protegê-los? Não é realmente justo. Se não quiserem, terei de fazer algo em relação ao comércio. Com o comércio, tenho todas as cartas", sublinhou.
Trump também criticou as palavras "muito desagradáveis" de Emmanuel Macron sobre a OTAN durante sua entrevista à semanal The Economist no mês passado, quando o presidente francês afirmou que a aliança estava "em morte cerebral" e questionou a capacidade da OTAN de garantir sua própria defesa coletiva.
Isto acontece em meio aos planos da OTAN de aumentar sua presença na Polônia e nos Estados bálticos, incluindo a Estônia, a Letônia e a Lituânia, para conter a chamada "ameaça russa".
A OTAN tem vindo a aumentar significativamente sua presença na Europa Oriental desde o início do conflito na Ucrânia em 2014, usando como pretexto a reunificação da Crimeia com a Rússia e a alegada interferência russa nos assuntos internos ucranianos.
Moscou tem repetidamente expressado seu protesto contra o crescimento militar da OTAN, dizendo que esse movimento irá minar a estabilidade regional e resultar em uma nova corrida armamentista.