Nesta obra, o economista ressaltou que os EUA e a ordem mundial que Washington tinha ajudado a estabelecer estão enfrentando profundas divergências políticas, econômicas e culturais.
No entanto, naquela época ele tentava ser otimista, recordando o que sua mãe repetia: os EUA, que tinham sobrevivido a uma guerra civil, a duas guerras mundiais e à Grande Depressão, continuavam sendo líder do mundo livre, um modelo perfeito de democracia, mercados abertos, comércio livre e crescimento econômico.
Nos dias de hoje, as ameaças ao modelo se tornaram mais que evidentes e a capacidade dos EUA de lhes resistir parece estar diminuindo. Existe um movimento que mina a confiança do país no seu próprio governo, que são seus políticos e instituições, de acordo com Volcker.
"Atualmente observamos algo bastante diferente e muito mais ameaçador. As forças niilistas […] procuram desacreditar os pilares da nossa democracia: o direito ao voto e eleições honestas, o estado de direito e a liberdade de imprensa, a separação de poderes e a confiança na ciência, bem como o conceito de verdade", escreveu o economista.
Sem estes pilares, o modelo da América pode cair em um "tipo de tirania" e correr o risco de se extinguir.
"Quando estava escrevendo meu livro, notei que o presidente Donald Trump não havia atacado a Reserva Federal, sempre independente, o que apreciava. Dizer que isso não é verdade agora, seria dizer pouco", sublinhou Volcker.
O ex-presidente do banco central disse também que os EUA não tinham tido nenhum presidente desde a Segunda Guerra mundial que procurasse dar ordens à Reserva Federal.
De acordo com o economista, este é um problema importante, visto que o banco central dos Estados Unidos é uma das instituições governamentais mais importantes, concebida para ser diferente.
O líder americano criticou várias vezes o banco central pelo aumento da taxa de juros, argumentando que isso poderia afetar o crescimento econômico.