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Governo Bolsonaro busca 'refazer retórica em relação à China', diz especialista

© Foto / Marcos Corrêa/Divulgação/Palácio do PlanaltoAudiência com YaoWei, CEO Huawei do Brasil, com o presidente Jair Bolsonaro.
Audiência com YaoWei, CEO Huawei do Brasil, com o presidente Jair Bolsonaro. - Sputnik Brasil
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Por ocasião de sua presença na Cúpula dos BRICS em Brasília, em novembro passado, o presidente da China, Xi Jinping, anunciou planos de investimentos em longo prazo no Brasil da ordem de 100 bilhões de dólares.

Esta foi uma das questões abordadas no seminário “O Futuro da Parceria Estratégica Global China-Brasil”, realizado na sexta-feira (13) no Rio de Janeiro.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o professor da FGV Direito Rio e coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China da FGV, Evandro Carvalho, destacou que a presença da China no evento mostrou um sinal de que o país asiático acredita no potencial de investimentos no Brasil.

"O governo chinês tem claro de que a população brasileira é capaz de passar por momentos difíceis na sua economia, na sua situação social, e se refazer. Então os investimentos chineses são pensados não olhando apenas para a situação presente, mas para uma situação de longo prazo", afirmou o Evandro Carvalho, que também coordenou o seminário realizado na última semana no Rio.

O especialista destacou que durante a visita ao Brasil na cúpula dos BRICS, o presidente chinês Xi Jinping disse que a perspectiva de investimentos no longo prazo da China no Brasil está na ordem de 100 bilhões de dólares, principalmente em projetos nas áreas de energia e infra-estrutura.

"Há um interesse muito grande por parte do governo chinês de aprofundar as relações dos dois países através de apoios e patrocínios, de iniciativas na área da cultura, a fim de reduzir a distância cultural, o entendimento que cada povo tem do outro, e provavelmente haverá uma onda muito forte de investimentos na área de tecnologia e serviços", completou.

Reaproximação com a China

O professor da FGV também comentou que a primeira fase do governo Bolsonaro foi marcada por uma tentativa de reaproximação com a China após as controversas declarações do presidente ainda no período eleitoral, no ano passado, terem gerado um mal estar com o país asiático.

"Sem dúvida as declarações do então candidato Bolsonaro naquele contexto da eleição gerou um certo stress, uma preocupação por parte do governo chinês sobre como seria a política externa brasileira em relação à China, até porque havia uma retórica, que ainda persiste em certos setores do governo, uma retórica anti-comunista", afirmou.

​O especialista destacou que num curto período de tempo houve dois encontros entre os presidentes Jair Bolsonaro e Xi Jinping, em que houve declarações do líder brasileiro indicando um redirecionamento da visão dele em relação à China.

"O fato é que há uma tentativa de acomodação, de um lado, com o governo chinês, de dizer que a China faz parte do futuro do Brasil, e, ao mesmo tempo, de aplacar algum ânimo contra a China por parte do seu público eleitoral ao dizer que a China é um país capitalista. É um esforço do Bolsonaro de tentar refazer a retórica em relação à China", observou.

De acordo com ele, o governo brasileiro vem tentando isolar a relação bilateral com a China de "eventuais contaminações do próprio discurso que o próprio presidente Bolsonaro imprime na política doméstica".

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