Eduardo Bolsonaro participou da inauguração de um escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Importações (Apex), órgão vinculado ao Ministério das Relações Exteriores, em Jerusalém.
Em entrevista à Sputnik Brasil, Christopher Mendonça, cientista político, professor do Ibmec-MG, disse que é preciso olhar o desejo de mudança da embaixada como uma sinalização para seus apoiadores evangélicos.
"É importante lembrar também que o presidente Bolsonaro foi eleito ano passado com uma base muito ligada aos evangélicos [...] E existe uma pressão por parte dos evangélicos do Brasil para que haja uma aproximação com Israel e sobretudo a modificação do local onde está alocada a embaixada do Brasil naquela região", disse.
Mendonça disse que é preciso olhar para o desejo de mudança da embaixada brasileira como uma questão da política interna brasileira.
"O fator de maior importância em relação a esse tema é exatamente as bases eleitorais do presidente, nós não estamos tratando de um tema de natureza totalmente internacional, nós temos uma pressão muito grande daqueles que levaram o presidente na sua maioria ao Planalto", afirmou Mendonça, se referindo aos diversos grupos evangélicos que ajudaram a eleger Bolsonaro.
Christopher Mendonça também destaca que a mudança da embaixada pode prejudicar as exportações brasileiras para os países árabes, sobretudo o setor agropecuário.
"Nós sabemos que a modificação da localização lá da embaixada poderá influenciar de maneira negativa os países árabes, que são consumidores históricos de produtos agroexportadores aqui para o Brasil. Essa aproximação com Israel pode trazer consequências negativas para a relação do Brasil com os países árabes", completou.
A mudança da embaixada foi uma promessa de campanha de Jair Bolsonaro, mas foi postergada principalmente pela repercussão que o gesto teria com países árabes que são grandes importadores de carne brasileira. Ao invés da transferência, o governo decidiu abrir o escritório comercial.