Embora não seja intercontinental, os EUA testaram no último dia 12 um novo míssil balístico cujas características eram proibidas pelo extinto Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, mais conhecido como Tratado INF.
Durante o teste, o projétil foi lançado a partir de uma plataforma móvel terrestre e sobrevoou uma distância de 500 km antes de cair no oceano Pacífico. Conforme autoridades americanas disseram à Sputnik, o míssil é de médio alcance.
Contradições
A validade do tratado chegou ao fim em 2 de agosto último. É válido lembrar que Washington abandonou o INF ainda em março deste ano, acusando Moscou de descumprir com os termos do acordo. No entanto, o governo americano não mostrou provas que sustentassem suas alegações.
De forma imediata, os EUA anunciaram o desenvolvimento de um novo míssil que deveria estar pronto em alguns anos.
O primeiro protótipo do armamento foi testado apenas nove meses após a declaração do governo americano.
Apesar dos pesados recursos financeiros que o Pentágono recebe, o extremo curto prazo entre o suposto início do projeto e o primeiro teste levam a crer que o míssil já estava em desenvolvimento antes dos EUA saírem do INF, evidenciando contradições em falas do secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, como crê o governo da China.
"A partir de 2 de agosto deste ano, quando os EUA anunciaram sua saída do INF, o Pentágono já realizou dois testes com mísseis de baseamento terrestre. Esper comunicou com orgulho que os EUA estavam já se preparando para os lançamentos a partir de fevereiro. Quero que prestem atenção que os Estados Unidos anunciaram oficialmente estar saindo do INF em 2 de agosto, mas o chefe do Pentágono disse que eles começaram a se preparar para estes testes em fevereiro. Trata-se de mais uma prova de nossas estimativas prévias de que os EUA pensaram em sair do INF com muita antecedência", declarou a porta-voz da chancelaria da China, Hua Chunying, em um briefing na última sexta-feira (13).
Mísseis desenvolvidos
Os planos de Washington de abandonar o INF ficaram evidenciados com a apresentação de novos mísseis.
Entre eles, o Pentágono demonstrou o avançado míssil tático-operacional Strategic Fires Missile com alcance entre 500 e 2.250 quilômetros, sendo de fato um míssil de alcance intermediário.
Ainda desenvolvido em 2018 pelo Comando do Exército dos Estados Unidos, o míssil apresenta um formato muito semelhante com o testado recentemente.
Conforme publicou o blog especializado em tecnologias militares BMPD, o artefato foi desenvolvido pela companhia americana Northrop Grumman Innovation Systems, anteriormente chamada de Orbit ATK.
Acredita-se que o míssil é lançado com a ajuda de um estádio movido a combustível sólido Castor-4B, frequentemente utilizado em mísseis balísticos americanos.
Análogo do Iskander
Além disso, o Pentágono também apresentou o míssil tático-operacional Precision Strike Missile (PrSM) com alcance entre 70 a 499 quilômetros. Contudo, o armamento pode destruir alvos a mais de 700 km.
O míssil foi criado pela Lockheed Martin desde 2017. Ele representa uma nova geração de armamentos de alta precisão, que deve substituir o complexo tático de mísseis MGM-140 ATACMS, presente no arsenal americano desde os anos 90.
O PrSM já foi testado, tendo sido disparado por um lançador múltiplo de foguetes M142 HIMARS.
O míssil percorreu uma distância de 240 km antes de atingir seu alvo.
Pode-se dizer que o PrSM é um análogo do complexo de mísseis Iskander-M, o qual se tornou a base para os EUA acusarem a Rússia de infringir o INF.
De acordo com Washington, a versão modificada do míssil 9M728 (o 9M729) do sistema Iskander teria um alcance de 500 km, o que era proibido pelo tratado.
No entanto, expondo mais informações sobre o armamento, o governo russo revelou até algumas características do míssil: a versão 9M729 possui um alcance máximo de 480 km.
Para pôr fim às dúvidas de Washington, o governo russo ofereceu mesmo demonstrar o míssil ao vivo às autoridades americanas, oferta que foi rejeitada pelos EUA.