A Liga Árabe condenou o Brasil pela abertura de um escritório comercial em Jerusalem. Para a Liga, essa medida pode representar um passo para a transferência da embaixada brasileira para Jerusalém.
Nesta quinta-feira, em Cairo, os participante da Liga Árabe afirmaram que se o Brasil de fato transferir a embaixada para Jerusalém, haverá consequências políticas, diplomáticas e econômicas.
O presidente Bolsonaro, por outro lado, anunciou que o escritório será assumido pela Apex, e não terá caráter político.
Em conversa com Sputnik Brasil, Alexandre Uehara, professor de Relações Internacionais e coordenador do Centro Brasileiro de Estudos e Negócios Internacionais da ESPM/SP, disse que, apesar de se tratar de uma representação comercial, para os países árabes a medida é suspeita, considerando as declarações anteriores do líder brasileiro.
"Neste momento há essa associação e durante a inauguração foi mencionada a possibilidade de levar a embaixada do Brasil para Jerusalém", destacou o entrevistado.
Para o professor, a principal consequência para o país, no caso de se seguir com a medida, será comercial. Somente entre janeiro e outubro de 2019, o Brasil já exportou U$ 10 bilhões para os países da Liga Árabe.
"Os países árabes são importantes importadores de produtos brasileiros, em particular de carne. E poderia ter implicações nesse sentido. Eu não vejo um interesse tão grande do Brasil na transferência da embaixada brasileira para Jerusalem, a não ser uma aproximação ou alinhamento que o governo atual tem tido com os Estados Unidos e governo Trump, que mencionou a transferência", ponderou o interlocutor da Sputnik Brasil.
Ele destacou que o presidente Bolsonaro inclusive realizou uma importante viagem aos países árabes no meio do ano e que um equilíbrio deverá ser buscado pelo governo nas relações internacionais.
"O bom encaminhamento das relações diplomáticas, comerciais e políticas internacionais são importantes para os eleitores e para a população em geral. Nesse aspecto, acredito que o bom senso deve prevalecer", concluiu Uehara.