O parlamentar é um dos donos da Bolsotini Chocolates e Café. Anteriormente, já havia sido divulgado que ele teria recebido quase o dobro dos lucros em relação ao seu sócio - o que segundo Flávio é justificado pelo fato dele trazer mais clientes para a loja.
O senador disse ao MP-RJ que retirou R$ 793,4 mil de receita nos três primeiros anos de atividade da empresa, inaugurada em 2015. As informações são do jornal o Globo. No entanto, a Bolsotini informou, em declarações de informações socioeconômicas e fiscais (DEFIS) relativas ao Simples nacional, que Flávio ficou com R$ 435,6 mil no período.
A empresa não apresentou declaração de Imposto de Renda, de acordo com o MP.
As investigações também encontraram divergências na declaração do outro sócio da loja, Alexandre Santini. O MP diz que ele declarou ter lucrado R$ 288,9 mil no período. O valor que a Bolsotini informou à Receita como retirada de Santini, no entanto, é R$ 24 mil menor.
'Figurado nos contratos como laranja'
Segundo o MP, Flávio obteve quase R$ 500 mil a mais do que Santini nos três anos iniciais de atividade da loja de chocolates. O valor equivaleria à cota de participação que deveria ter sido paga por Santini na empresa. Mas o MP não identificou aportes do sócio de Flávio até o fim de 2018.
Para o MP há uma "inexplicável desproporção na distribuição de lucros" da Bolsotini, "associada à coincidência do valor da diferença paga" a Flávio Bolsonaro em relação a seu sócio, de aproximadamente R$ 500 mil. Por isso, a investigação suspeita que Santini "possa ter figurado inicialmente nos contratos como 'laranja'".
A investigação acredita que dinheiro proveniente da prática da rachadinha, quando funcionários do gabinete de um parlamentar devolvem parte do salário ao político, foi lavado na loja de Flávio e em transações de imóveis. Ao todo, o senador teria movimentado R$ 2,27 milhões de forma ilícita.
Neste sábado, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o filho e a questionar a investigação do MP.