Em entrevista concedida em Buenos Aires, onde Morales encontrou refúgio depois de se declarar vencedor do quarto mandato nas eleições de outubro, o ícone socialista sul-americano disse que está ajudando seu partido a se preparar para as próximas eleições.
Membros de sua coalizão do Movimento pelo Socialismo (MAS) se reunirão em Buenos Aires neste domingo para começar a eleger seus candidatos. Quando perguntado sobre seus próprios planos e se ele retornaria à Bolívia para o próximo ano, Morales declarou que não havia dúvida sobre isso.
"Por razões de segurança, não posso detalhar todo o plano que temos para retornar à Bolívia. Você tem que voltar ao seu país e não consegue entender. O governo de fato não é transitório", destacou ele à Agência Reuters.
"Se fosse uma transição, não começaria a mudar políticas econômicas, programas sociais, apenas garante [deveria apenas garantir] eleições", acrescentou.
O ex-presidente disse ter certeza de que sua coalizão recuperará a presidência. A vitória de Morales nas eleições de outubro foi questionada devido a irregularidades detectadas pelos auditores internacionais.
O escândalo causou tumultos que causaram dezenas de mortes e obrigou Morales a renunciar e deixar a Bolívia em meados de novembro para receber asilo no México, no que ele considerou um golpe de Estado.
O líder indígena negou ter agido mal e afirmou que seu único arrependimento era não ter uma inteligência precoce sobre o que considera o golpe que o derrubou.
"Lamento muito que nem a inteligência da polícia boliviana, nem as Forças Armadas tenham nos avisado como haviam se preparado para o golpe", explicou.
Os legisladores nomearam um tribunal eleitoral que deverá definir novas eleições em 2 de janeiro dentro de 120 dias.
Enquanto isso, os promotores emitiram um mandado de prisão contra Morales por sedição, terrorismo e financiamento do terrorismo, promovido pelo governo da presidente interina Jeanine Áñez, ex-senadora e oponente de Morales.
Evo descartou concorrer como candidato e nomeou Luis Arce Catacora, seu ex-ministro da Economia, e Andrónico Rodríguez, chefe-chave do Sindicato dos Plantadores de Coca, como possíveis candidatos à presidência pelo MAS.