A designação do Paquistão pelo Departamento de Estado dos EUA foi "unilateral e arbitrária", afirmou o Ministério de Relações Exteriores do Paquistão em comunicado nesta terça-feira.
"Este pronunciamento não se destaca apenas das realidades do Paquistão, mas também levanta questões sobre a credibilidade e a transparência de todo o exercício", destacou a pasta.
A designação reflete o direcionamento seletivo dos países e, portanto, dificilmente será útil para a causa declarada do avanço da liberdade religiosa.
O Paquistão foi colocado pela primeira vez na lista em 2018, acusado de se envolver ou tolerar "violações sistemáticas, contínuas e flagrantes da liberdade religiosa". A Comissão dos EUA para a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF), um órgão financiado pelo governo que opera separadamente do Departamento de Estado, disse que ficou "particularmente satisfeita" com a designação.
Washington referenciou especificamente o caso de Asia Bibi, uma católica presa em 2009 sob as leis de blasfêmia do Paquistão e condenada à morte. Ela foi libertada em 2018 depois que a Suprema Corte anulou sua condenação.
Apesar da libertação de Bibi, Washington não removeu a designação de Islamabad na atualização de 2019 da lista. Paquistão encontrou-se, assim, na mesma situação que China, Irã, Coreia do Norte, Sudão e Mianmar, além de "entidades" como Frente al-Nusra, Al-Qaeda, Daesh (organizações terroristas proibidas na Rússia), Al-Shabaab e Boko Haram.
No entanto, o Paquistão conseguiu evitar as sanções previstas sob a designação, que foram dispensadas por motivos de "interesse nacional" - como também foi o caso da Arábia Saudita, Tajiquistão e Turcomenistão.
Os EUA mantiveram uma lista negra de liberdade religiosa sob uma lei de 1988, aprovada no auge do "intervencionismo humanitário" pelo governo Clinton. A lei também estabeleceu a criação da USCIRF, que recentemente provocou a ira da Índia ao criticar as novas regras de cidadania de Nova Deli.
Embora se oponham a quase todas as questões desde a partição de 1947, o Paquistão e a Índia concordam que os EUA se intrometem em seus assuntos sob o pretexto de se preocupar com a "liberdade religiosa", por isso não são bem-vindos e merecem condenação.