O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, assegurou neste sábado (28) que a "cumplicidade dos EUA" com o golpe de Estado no país andino é "evidente". As declarações foram uma reação ao pedido da embaixada norte-americana em Buenos Aires para que a Argentina limite o status de asilo político do ex-mandatário.
"A cumplicidade dos EUA é tão evidente no golpe de Estado na Bolívia, que a embaixada norte-americana na Argentina fala pelos golpistas e pede ao governo do presidente Álvaro Fernández que limite meu asilo político, como nos tempos do Plano Condor", tweetou.
La complicidad de Estados Unidos es tan evidente en el golpe de Estado en #Bolivia que la embajada norteamericana en #Argentina habla por los golpistas y pide al gobierno del presidente @alferdez limite mi refugio político, como en tiempos del Plan Cóndor.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) December 28, 2019
Em declaração à imprensa, a Embaixada dos EUA em Buenos Aires pediu que a administração de Fernández apoie "a democracia na Bolívia" e solicitou que Evo Morales "não abuse do seu status" de asilado político na Argentina.
Resposta argentina
De acordo com a agência de notícias Telam, o governo argentino não responderá às declarações norte-americanas e reiterou que Evo Morales continuará suas atividades políticas no país.
O ex-presidente boliviano convocou uma reunião da direção de seu partido político, o Movimento ao Socialismo (MAS), a ser realizada em Buenos Aires em 29 de dezembro.
Na reunião, o partido deve discutir a realização da escolha de seus candidatos às eleições bolivianas, que devem ocorrer em 2020.
"Se querem realizar eleições livres e transparentes, que coloquem um fim à perseguição política e me deixem entrar na Bolívia. Não vou ser candidato nestas eleições, mas tenho o direito de fazer política", declarou Evo quando anunciou o evento.
O Plano Condor
A Operação Condor foi uma coordenação de ações e apoio mútuo entre os EUA e as ditaduras militares de Brasil, Argentina, Paraguai, Chile, Uruguai e Bolívia realizada nas décadas de 70 e 80.
De acordo com organizações de defesa dos direitos humanos, as ações coordenadas pelo plano resultaram em cerca de 30.000 desaparecidos e 50.000 assassinados.
O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, foi coagido a renunciar ao posto após perder o apoio das forças de segurança bolivianas, em 10 de novembro de 2019.