Familiares de soldados e civis americanos mortos e feridos no Afeganistão decidiram processar empresas envolvidas em trabalhos de reconstrução do país após a guerra que se seguiu aos ataques de 11 de setembro.
Conforme informou o portal norte-americano Stars and Stripes, as empresas teriam pagado propina ao Talibã (grupo terrorista proibido na Rússia e em outros países), dinheiro que teria financiado ataques terroristas entre 2009 e 2017.
Entre as empresas figuram as americanas DAI Global LLC, com sede em Bethesda, nos EUA, e a Louis Berger Group, com sede na cidade americana de Morristown.
"Todos os réus foram grandes empresas ocidentais com negócios lucrativos na guerra do Afeganistão, e todas elas pagaram o Talibã para que este não atacasse os interesses de seus negócios [...] Tais pagamentos por proteção ajudaram e estimularam o terrorismo através do financiamento da insurreição do Talibã, apoiado pela Al-Qaeda, a qual matou e feriu milhares de americanos", diz o texto do processo.
Ainda de acordo com a mídia, citando o processo dos parentes das vítimas, as duas empresas receberam um montante de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 4 bilhões) da Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional para a realização de trabalhos no Afeganistão.
Também de acordo com a mídia, a acusação foi feita com base em testemunhas, documentos das empresas e arquivos revelados do governo, assim como outras fontes.
'Áreas controladas pelo Talibã'
Apesar da presença militar da OTAN no Afeganistão, o processo apontou que as empresas teriam pagado tais propinas para operar em áreas controladas pelo Talibã.
"Cada contrato [entre o governo americano e as empresas] exigia trabalho em áreas sob o controle do Talibã ou sob sua influência, e a prática padrão das empresas em tais circunstâncias era pagar dinheiro por proteção para desestimular o Talibã de atacar os seus projetos", publicou a mídia parte do processo.
O processo se dá após o jornal The Washington Post ter acusado o governo americano de ocultar provas sobre a ineficiência da intervenção militar no Afeganistão por quase duas décadas.