Nesta sexta-feira (3), os EUA realizaram um ataque aéreo ao aeroporto internacional de Bagdá para eliminar um dos mais poderosos comandantes militares iranianos, o major-general Qassem Soleimani.
Soleimani era um dos líderes da Guarda Revolucionária iraniana e o comandante da força Quds. Os ataques aéreos dos EUA foram realizados após a invasão da Embaixada dos EUA em Bagdá por militantes xiitas da milícia Kataib Hezbollah (KH), que seria apoiada pelo Irã.
Para especialista ouvido pela revista norte-americana Foreign Policy, o assassinato de Soleimani irá aproximar os EUA e o Irã de um conflito direto.
"Estamos entrando em um período no qual há uma grande possibilidade […] de conflito direto entre os EUA e o Irã. O Oriente Médio já está em chamas, por causa de conflitos e protestos em grande escala. Agora pode ficar muito, muito pior", declarou Seth Jones, pesquisador do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais.
Segundo o especialista, até agora o Irã e os EUA se confrontavam de maneira indireta, em territórios de países terceiros, como o Iraque, Síria e Líbano.
"Até agora, o conflito entre o Irã e os EUA foi, sobretudo, indireto, envolvendo as sanções econômicas dos EUA e ataques contra aliados militares", explicou.
Para ele, a estratégia de guerra assimétrica do Irã, que apostava na expansão de forças militares aliadas ao redor da região, sofre um grande abalo com o assassinato de Soleiman.
"O ataque eliminou a figura militar mais importante do Irã [...] Soleiman supervisionava pessoalmente a expansão do Irã, criando um culto da personalidade por toda a região. Sua morte representa uma baixa significativa para a estratégia assimétrica do Irã", acrescentou.
O ataque norte-americano teria sido ordenado por Donald Trump pessoalmente, o que representa uma mudança significativa, uma vez que o presidente dos EUA havia manifestado o desejo de retirar as tropas dos EUA do Oriente Médio.