Segundo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a primeira fase do acordo entre as duas maiores economias do mundo deverá implicar na compra de US$ 40 bilhões a US$ 50 bilhões a mais de produtos agrícolas estadunidenses pelos chineses. A expectativa é que o trato seja assinado na próxima semana.
O possível impacto já foi admitido pelas autoridades brasileiras. "Nós ganhamos nesses anos e acabamos tendo espaço maior no mercado, mas isso pode mudar um pouco", disse o secretário substituto de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Wilson Vaz Araújo, em entrevista à agência de notícias Reuters. "Mas acredito que Brasil tem condição de reagir e exportar para outros mercados".
A China foi o destino de 78% de toda a soja exportada pelo Brasil entre janeiro e novembro de 2019, segundo dados do Ministério da Economia. No período, Pequim comprou US$ 19,59 bilhões de soja brasileira.
"A preocupação do Ministério da Agricultura é válida", diz Marcos Fava Neves, professor de Estratégia e Agronegócio da USP, em entrevista à Sputnik Brasil.
Neves, contudo, acredita que a produção brasileira poderá encontrar outros compradores em outros mercados, mas haverá uma desaceleração com um impacto difícil de prever. "Isso não é imediato [encontrar novos mercados], portanto sim, um acordo representa, em um primeiro momento, desaceleração, vamos dizer assim, não perda, uma desaceleração que pode ser recuperada mais adiante para o Brasil, difícil estimar quanto isso representaria."
Um caminho para garantir mercados, avalia o professor da USP, é o Brasil ficar de fora da atual disputa entre Estados Unidos e Irã:
"Não podemos esquecer que o Oriente Médio e o Irã são compradores importantes do agronegócio brasileiro. Quanto mais o Brasil ficar de fora dessa confusão, melhor será."