A diretora de privacidade da Apple, Jane Horvath, revelou em um evento em Las Vegas que a empresa está agora "utilizando algumas tecnologias para ajudar o rastreio de material sobre abuso sexual infantil", sem especificar como o processo funciona, causando preocupações sobre o alcance das tecnologias de recolha de dados.
Esta é a primeira vez que a Apple declara publicamente que escaneia imagens feitas por produtos da companhia, algo já realizado com a ferramenta PhotoDNA por gigantes tais como Facebook, Twitter e Google, que comparam fotos com uma base de dados de imagens abusivas conhecidas.
O debate
"Tudo o que [a Apple] diz é que eles podem escanear todas as suas imagens, folhear todos os seus dados e procurar atividades potencialmente ilegais, incluindo pornografia infantil", disse o jornalista e comentarista político Chadwick Moore.
"O que isso significa?", indagou. "Isso é uma linguagem aterrorizante. O que mais eles estão procurando? Se você está fumando maconha será o próximo passo? Eu não confio nestas empresas, acho que estão cada vez mais invadindo nossa privacidade, e possuindo nossos dados."
O especialista político concorda que todo mundo quer combater o abuso infantil, mas também não acredita "que estão falando sério". "Não acredito que a Apple realmente se preocupe com o combate ao crime", ressaltou.
Bill Mew, advogado e especialista em tecnologia, no entanto, desvaloriza a ação, considerando que a tecnologia é tão inteligente, que as imagens simplesmente são testadas contra um grupo de "impressões digitais" conhecidas, e não são decifradas pela Apple.
"Portanto, há pouco a temer em matéria de privacidade", afirma.
Apple até agora
A gigante de telecomunicações norte-americana tem um histórico misto em matéria de proteção de dados, recusando por vezes o acesso a dados de utilizadores requisitado por companhias policiais.
No entanto, também foi revelado que em agosto de 2019 os empreiteiros da companhia utilizaram o programa de inteligência artificial e assistente pessoal da companhia, Siri, para "classificar" conversas privadas dos usuários, algo também realizado por produtos semelhantes do Google e Amazon.