Em seus comentários, o ex-presidente exilado se refere à Milícia Bolivariana, um dos grupos armados e força de choque venezuelana, composta por civis (reservistas), ex-militares e oficiais que funcionam como um braço operacional que hoje apoia o governo de Nicolás Maduro.
"Na Bolívia, se as Forças Armadas estão atirando nas pessoas, matando pessoas, as pessoas têm o direito de organizar sua segurança", comentou Morales em entrevista à Reuters no domingo (12).
Na gravação divulgada pela estação de rádio Kawsachum Coca, Morales considerou um "enorme erro não ter tido um plano B" para defender o seu governo. Seu mandato desmoronou após vários dias de protestos de cidadãos e a declaração pública do Comando das Forças Armadas, que pediu sua renúncia.
"Por que este golpe de Estado? Reconhecemos que temos confiado muito; foi um erro enorme, não tínhamos um plano B", lamentou.
"Se eu voltar à Bolívia, temos de organizar como na Venezuela, milícias armadas do povo", comentou Morales na gravação.
Crise boliviana
A crise política na Bolívia começou após os resultados das eleições presidenciais de 20 de outubro de 2018, ganhada por Evo Morales, que exerceu a presidência por mais de 14 anos. O seu principal rival, o candidato da oposição Carlos Mesa, não aceitou os resultados da votação.
No contexto de protestos em massa, Morales anunciou novas eleições, mas isso não estabilizou a situação. Pressionado por políticos militares, ele renunciou ao cargo e se exilou no México.
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As autoridades da Bolívia deram presidência interina à segunda-vice-presidente do Senado, Jeanine Áñez. O Tribunal Constitucional confirmou a legalidade da transferência de poder.
A nova liderança boliviana anunciou novas eleições gerais a serem realizadas no dia 3 de maio.