Esse acontecimento histórico foi recordado pelo portal russo Russkoe Oruzhie. Enfraquecida depois da derrota na Guerra da Crimeia (1853-1856), a Marinha Imperial russa esteve durante os 15 anos seguintes em grande desvantagem perante os turcos. As suas sete embarcações nada poderiam fazer contra os 128 navios de vários tipos do Império Otomano.
Para reverter a desproporção de forças, a Marinha russa teve de inovar, adaptando um navio mercante como navio-base para lançamento de minas usando lanchas a vapor.
Passo significativo seria, contudo, dado em 1877, quando a Rússia obteve licença para produzir em seu território as inovadoras e dispendiosas "minas autopropulsadas" de Robert Whitehead (nome do engenheiro inglês, inventor em 1866 dos primeiros torpedos).
Foi em dezembro de 1877 que a Marinha russa os utilizou pela primeira vez, falhando, contudo, o alvo. No entanto e segundo testemunho do correspondente do jornal londrino The Times, os marinheiros ficariam maravilhados: os torpedos navegavam quase à superfície a uma velocidade de 12 nós (equivalente a 20 km/h), deixando atrás de si um rastro luminoso fosforescente que fazia lembrar as lendas de míticos monstros marinhos em forma de serpente ou dragão, referidos já no Antigo Testamento, na Odisseia de Homero e comuns nas crenças de todos os povos marinheiros.
À segunda vez foi o sucesso: na madrugada de 13 para 14 de janeiro de 1878, dois torpedos foram lançados simultaneamente de duas lanchas torpedeiras russas, atingindo em cheio e afundando a canhoneira turca Intibakh de 163 toneladas. Os oficiais intervenientes da Marinha Imperial russa – tenentes Izmail Zatsarenny e Osip Scheshinsky, bem como o seu comandante Stepan Makarov – seriam por sua coragem e bravura promovidos e condecorados por esse feito.