Os tardígrados são considerados as criaturas mais resistentes do nosso planeta. Sobreviventes das 5 maiores extinções em massa ocorridas na Terra, são capazes de entrar em estado de criptobiose, em que suspendem o metabolismo, possibilitando dessa forma sua resistência à desidratação até 10 anos, a temperaturas extremas positivas ou negativas e sobreviver ao vácuo e a condições de pressão anormais.
Estes microrganismos de 8 patas, também conhecidos por ursos d'água pela sua aparência e por necessitarem estar permanentemente na água, suportam inclusive radiação cósmica, segundo alguns estudos anteriormente publicados.
No entanto, novas pesquisas conduzidas pelo Departamento de Biologia da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, mostram que esses organismos poderiam ter uma debilidade: exposição prolongada a temperaturas crescentes associadas às mudanças climáticas.
Quanto mais tempo durar este fenômeno menores serão as possibilidades de sobrevivência dos tardígrados apesar de em estado desidratado poderem tolerar altas temperaturas durante mais tempo.
Surpreendentemente, os investigadores apuraram que, para os tardígrados ativos não aclimatizados, a temperatura letal média é de 37,1° C. Já após um período de aclimatização curto, há um aumento pequeno mais significativo da temperatura média letal até os 37,6° C.
"Curiosamente, esta temperatura não está longe da temperatura máxima antes registrada na Dinamarca, quer dizer, 36,4° C", indica um artigo publicado no site da Universidade de Copenhague.
Quanto aos tardígrados desidratados, os autores do estudo, liderado por Ricardo Neves e Nadja Mobjerg, observaram que a temperatura média para 50% de mortalidade é de 82,7° C após exposição de uma hora, enquanto após uma exposição de 24 horas houve uma diminuição significativa para 63,1° C.
"As amostras usadas neste estudo [da espécie 'Ramazzottius varieornatus'] foram obtidas no telhado de uma casa em Niva, Dinamarca", segundo Neves.
O aquecimento global está causando um série de impactos negativos em inúmeros habitats de nosso planeta. Por isso considera ser "de suma importância compreender como o aumento das temperaturas pode afetar a saúde e bem-estar dos animais", considerou o biólogo.
A investigação de Neves y Mobjerg foi publicada este 9 de janeiro na revista Scientific Reports.