Barril de pólvora para nova crise econômica: dívida global atinge US$ 253 trilhões

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Estimativas do Instituto de Finanças Internacionais apontam para um recorde histórico de US$ 253 trilhões da dívida mundial total. Economistas alertam para perigo de nova crise global.

Sobre quem a bomba da dívida poderia explodir? Atualmente, as dívidas totais da população, empresas, organizações financeiras e governos de todos os países ultrapassam em 322% o PIB global, ou seja, superam mais de três vezes o valor monetário de todos os bens e serviços produzidos no planeta.

Segundo Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), em 5 anos esse número aumentou quase 30 trilhões e continuará crescendo em um futuro próximo, mesmo com a desaceleração da economia global.

Nova crise global na forja

Estimativas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) referem que a taxa de crescimento econômico em 2019 foi a mais baixa desde a crise financeira de 2008, sinal claro de que uma nova crise está chegando.

Especialistas explicam que o alto registro de endividamento global resulta da política dos bancos centrais de redução das taxas de juros, com o objetivo de revitalizar a economia.

Acredita-se que taxas baixas, reduzindo assim o custo dos empréstimos, estimulem a demanda e o investimento doméstico. Mas a contrapartida é conduzir ao crescimento do endividamento de países e empresas, que aproveitam cada vez mais poder usufruir de crédito barato.

Conforme destacado no relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD, na sigla em inglês), este recorde da dívida é uma das principais ameaças que pairam sobre a economia global.

Endividamento extrapolado é uma realidade

O fenômeno afeta sobretudo os países desenvolvidos, atingindo cerca de US$ 180 trilhões (R$ 751 trilhões), 383% do PIB. Já as dívidas dos países em desenvolvimento somam US$ 72 trilhões (R$ 300 trilhões), 223% do PIB.

No Japão, a dívida total do governo, cidadãos e empresas excede 540% do PIB. No entanto, os títulos da dívida pública são emitidos em moeda nacional pertencendo quase inteiramente a investidores domésticos. Sendo assim, o mercado de dívida japonês depende pouco dos humores de investidores estrangeiros e agências internacionais de classificação, o que reduz significativamente o risco de inadimplência.

Dívida pública dos EUA preocupa

a dívida dos EUA representa uma ameaça muito maior para a economia global ao ter atingido 327% do PIB do país – 70 trilhões de dólares (292 trilhões de reais), dos quais 22 trilhões são empréstimos contraídos pelo governo. Até 2028 só em pagamento de juros os americanos gastarão um quinto do orçamento federal.
Situação essa agravada pelo fato de quase 40% da dívida pública americana pertencer a investidores estrangeiros tendo muitos deles perdido a confiança nos ativos americanos. O outrora maior detentor de tesouraria - China - tem diminuindo continuamente sua participação na dívida pública americana.

Também causam preocupação as obrigações pendentes dos países em desenvolvimento: a relação dívida / PIB entre 2010 e 2018 cresceu mais da metade.

Como o Instituto de Finanças Internacionais apontou anteriormente, foram os mercados emergentes que mais contribuíram para o aumento da dívida global. O maior crescimento relativo foi registrado no Chile, Coreia do Sul, Brasil, África do Sul e Paquistão. Vale destacar que uma parte significativa cabe ao setor privado, cuja dívida quase alcançou a soma do PIB total de trinta países em desenvolvimento – 92,6%.

Dívida chinesa é alarmante

Preocupa sobretudo os economistas a situação na China. O Banco Mundial realça que nos últimos dez anos, o gigante asiático tem sido o principal gerador de novas dívidas. Desde 2010, as obrigações pendentes atingiram 310% do PIB, atribuindo os especialistas do IIF tal fato ao aumento de empréstimos no setor empresarial.

Dívida corporativa da China é a maior do mundo. Quando ocorreu o colapso financeiro em 2008, Pequim respondeu fomentando o crédito às empresas. Em 2016, a dívida empresarial alcançou 160% do PIB, total – 230%.

Para piorar a situação, muitas empresas chinesas superendividadas, não podendo solicitar novos empréstimos, têm recorrido ao chamado sistema bancário sombra – sistema financeiro informal, não regulamentado, através de corretores e agiotas que atuam como intermediários entre bancos e empresas.

Volume neste setor de empréstimos paralelos na China já atingiu quase US$ 7 trilhões (R$ 29 trilhões). O Fundo Monetário Internacional já alertou: essa bolha pode derrubar a economia do país e provocar uma nova crise asiática, semelhante ao colapso de 1997.

Previsões sombrias também foram assinaladas pelo Banco Mundial: seus especialistas asseveram que uma nova crise global surgirá precisamente na República Popular da China e se revelará maior e mais severa do que todas as anteriores.

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