O governo brasileiro teria informado aos demais 32 membros da organização sobre a sua decisão de suspender suas atividades na mesma.
"Não existem as condições necessárias para seguir fazendo parte do bloco, dada a conjuntura de crise que vive a região", declarou o Itamaraty.
Para o Ministério das Relações Exteriores, o Brasil não deve fazer parte de bloco que compreende governos que considera ditatoriais, como Cuba e Venezuela.
De acordo com o jornal mexicano El sol de México, o governo de Andrés Manuel López Obrador teria solicitado ao Brasil que reconsiderasse o seu distanciamento da organização e retomasse as suas atividades na mesma.
"Em resposta ao convite do México, o governo brasileiro comunicou antecipadamente à chancelaria mexicana que o Brasil não participaria dos eventos relacionados à instalação da nova presidência pro tempore da Celac", disse a chancelaria brasileira, conforme reportou a Folha de São Paulo.
"Foi informado que o Brasil não considera estarem dadas as condições para a atuação da Celac no atual contexto de crise regional. Foi dado ciência, igualmente, que qualquer documento, agenda ou proposta de trabalho que viesse a ser adotado durante a reunião ministerial não se aplica ao Brasil", concluiu o Itamaraty.
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O governo brasileiro já tinha deixado de colaborar com a CELAC em 2019, pela organização estar sob a presidência da Bolívia, então governada por Evo Morales.
A Bolívia, liderada pelo governo interino de Jeanine Áñez, também decidiu não enviar representantes à cerimônia de posse da presidência mexicana do bloco.
As relações entre Bolívia e México estão bastante deterioradas desde que o país latino-americano concedeu asilo político a Evo Morales, que sofreu golpe de estado em La Paz, em 10 de dezembro de 2019.
Política regional de Bolsonaro
Essa não é a primeira vez que o governo Bolsonaro retira o Brasil de bloco diplomático dedicado exclusivamente às relações regionais.
Em 2019, o Brasil anunciou a saída da União das Nações Sul-Americanas, a UNASUL. A organização, com sede em Quito, foi a primeira na história da região a estabelecer um Conselho de Defesa, para debater assuntos de natureza militar.
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Dentre os principais fóruns de coordenação política regionais, Brasil segue fazendo parte da Organização dos Estados Americanos (OEA), que inclui os países da América do Norte.
Atuação da CELAC
A Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC) é o único fórum regional que reúne exclusivamente países de América do Sul e Caribe.
Formado por diversos órgãos técnicos de cooperação regional nas áreas de saúde, tecnologia e ajuda mútua, o bloco se destaca por celebrar fóruns com países de fora da região, como o Fórum CELAC-China e o Fórum CELAC-União Europeia.
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A organização foi criada em 2010, durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, como desdobramento da celebração da primeira reunião de chefes de Estado da América do Sul e Caribe da história, celebrada na Costa do Sauípe, em 2008.
A integração regional é um dos principais vetores da política externa brasileira, estando prevista em parágrafo único do artigo 4º da Constituição Federal.