Em um vídeo de quase sete minutos, o secretário da Cultura do governo Jair Bolsonaro, Roberto Alvim, trouxe à tona "iniciativa inédita no país" de promoção das artes, destinando R$ 20 milhões para projetos de ópera, teatro, pintura, escultura, literatura, música e histórias em quadrinhos das cinco regiões brasileiras.
O discurso do secretário Roberto Alvim foi ecoado com trilha sonora nem um pouco brasileira e parafraseado do ministro da Propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels.
"A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada", declarou Alvim no vídeo, que foi posteriormente deletado da página oficial da Secretaria Especial da Cultura no YouTube.
As palavras usadas pelo secretário da Cultura estão ecoando rapidamente pela web, tonando "Nazismo", "Goebbels", "Roberto Alvim" e "Cultura" uns dos assuntos mais comentados desta sexta-feira (17) no Twitter.
O jornalista George Marques expôs parte do discurso do ministro nazista para comparação com o parafraseado do secretário da Cultura do Brasil. De acordo com o jornalista, "Alvim ultrapassou todos os limites".
O Secretário de Cultura Roberto Alvim ultrapassou todos os limites do aceitável. Vejam que a fala faz uma clara associação ao discurso nazista. Ao Estado Brasileiro NÃO cabe definir um modelo único de pensamento.
— George Marques (@GeorgMarques) January 17, 2020
Se o Ministério Público não fizer nada será conivente com o crime pic.twitter.com/Wkkllr8eRl
Para a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ), além do parafraseado, o vídeo da Secretaria da Cultura do Brasil ainda usou uma "estética nazista".
O secretário de cultura, em um pronunciamento ao mesmo tempo patético e perigoso, usou frase do principal ministro de Hitler e estética nazista para afirmar sua política cultural. A pior escória da humanidade reside no governo brasileiro.
— Talíria Petrone (@taliriapetrone) January 17, 2020
O jornalista Leonardo Sakamoto escreveu que o governo Bolsonaro "saiu do armário" com a publicação do vídeo controverso.
Tá liberado chamar o governo de nazista. Toma-se todo cuidado para não comparar Bolsonaro a Hitler. Mas aí seu secretário da Cultura, Roberto Alvim, grava vídeo copiando Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler. Já que o governo saiu do armário, chamemos as coisas por seu nome
— Leonardo Sakamoto (@blogdosakamoto) January 17, 2020
Quando pode chamar alguém de nazista sem medo?
As regras são claras: quando se usa Wagner e Goebbels num mesmo contexto, já pode chamar de nazista sem medo.
— Daniela Abade (@_danielaabade) January 17, 2020
A nadadora brasileira Joanna Maranhão gostaria de saber o que os judeus acharam do discurso.
O que os judeus que apoiaram bolsonaro acharam daquele discurso do secretário Roberto Alvim??
— Joanna Maranhão (@Jujuca1987) January 17, 2020
Depois de quatro horas da publicação do vídeo, o secretário da Cultura agradeceu o apoio recebido e desejou que "Deus abençoe todos vocês".
Prezados, vocês não imaginam o quanto seu carinho e apoio contam para mim, pessoalmente, e para toda a equipe da Secretaria Especial da Cultura. Muito, muito obrigado, e que Deus abençoe todos vocês.
— Roberto Alvim (@RobertoAlvim4) January 17, 2020
A diplomacia alemã no Brasil se pronunciou.
— AlemanhanoBrasil (@Alemanha_BR) January 17, 2020
Juntando todos os tópicos relacionados ao discurso do secretário da Cultura do governo Bolsonaro, já havia mais de 236 mil tweets no momento da publicação desta matéria.