Os militares das defesas antiaéreas não são infalíveis e, infelizmente, já são quatro os aviões civis abatidos por mísseis nas últimas décadas. Veja a retrospectiva desses casos lamentáveis de erros militares, que juntos causaram a morte de 875 pessoas.
17 de junho de 2014, leste da Ucrânia: 298 vítimas
Neste caso trágico, um míssil de fabricação soviética derrubou um avião da Malaysia Airlines, que voava de Amsterdã, nos Países Baixos, com destino a Kuala Lumpur, capital da Malásia.
Na ocasião, o paraense Claudio Manoel Villaça Vanetta perdeu o seu marido, Glenn Thomas, que era funcionário da Organização Mundial de Saúde (OMS) e estava no voo.
"Ainda não parece realidade. Parece um sonho, uma brincadeira. Não consigo aceitar", disse Cláudio ao portal G1.
A catástrofe do voo MH17 ainda é alvo de muita polêmica. Investigações ainda em curso tentam estabelecer a origem do lançamento do míssil, com lados opostos do conflito ucraniano se acusando mutuamente.
4 de outubro de 2001, mar Negro: 78 vítimas
Esse acidente envolveu um avião fretado que levava turistas, em sua maioria israelenses, da capital israelense Tel Aviv para a cidade siberiana de Novossibirsk, na Rússia, relembra o jornal alemão Stern.
A aeronave Tupolev 154 sobrevoava o mar Negro, a uma altitude de 11 mil pés e a uma distância de cerca de 300 quilômetros da península da Crimeia, quando foi atingido por um míssil.
Naquele momento, a Força Aérea ucraniana realizava exercícios de defesa antiaérea e lançou dois mísseis terra-ar. Um deles atingiu o seu alvo, um drone militar. O outro atingiu o avião de passageiros.
Na ocasião, o presidente Vladimir Putin temeu que o ataque tivesse sido realizado por terroristas, uma vez que as Forças Armadas ucranianas afirmaram que os exercícios militares só tinham sido iniciados noventa minutos depois do acidente.
Mas, uma semana após a catástrofe, o governo ucraniano reconheceu que o acidente havia sido causado pela Força Aérea do país.
3 de junho de 1988, golfo Pérsico: 290 vítimas
Uma aeronave iraniana modelo Airbus A300 sumiu dos radares pouco depois de decolar do aeroporto da cidade de Bander Abbas, no Irã, com destino ao Dubai.
O voo, que deveria ter durando somente 28 minutos, foi interrompido por dois mísseis de fabricação norte-americana CM-2, lançados do cruzador Vincennes, pertencente à Marinha dos EUA. Todos os 275 passageiros e 15 membros da tripulação morreram. 245 das vítimas eram de nacionalidade iraniana.
O acidente causou sérias tensões militares na região, uma vez que o cruzador norte-americano estava em águas territoriais iranianas no momento do lançamento. Apesar das condolências expressadas pelo presidente dos EUA, Ronald Reagan, alguns anos mais tarde o capitão do cruzador foi condecorado pelo seu sucessor, George H. Bush.
Em 1996,o Irã e os Estados Unidos enfrentaram-se em tribunal internacional, que determinou que Washington pagasse indenizações às famílias das vítimas.
1 de setembro de 1983, mar de Okhotsk: 269 vítimas
Um Boeing 747 voava do aeroporto J. F. Kennedy, na cidade norte-americana de Nova York, com destino à capital da Coreia do Sul, Seul, quando foi interceptado por um míssil. Na época, a aeronave ainda não podia fazer o voo sem escalas e, por isso, parou para reabastecer no Alasca. Após isso, o voo deveria sobrevoar o mar a sul da península de Kamchatka e da ilha de Sacalina, ambas parte do território da União Soviética.
Mas, por um erro no sistema de radar da aeronave, o piloto acidentalmente entrou no espaço aéreo soviético, primeiro na península de Kamchatka e depois, mais uma vez, na Sacalina. O piloto não teria percebido o desvio de rota, que excedeu 500 quilômetros.
Sem conseguir contato com a aeronave, a Força Aérea soviética enviou um interceptor Su-15 para abater o avião, quando este já se encontrava em águas internacionais. Dois mísseis ar-ar atingiram a aeronave, matando os 240 passageiros e 29 membros da tripulação.