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Governo Bolsonaro passou a defender 'agressividade sobre a natureza', diz especialista

© Folhapress / Pedro Ladeira/FolhapressO presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, após reunião na sede do ministério, em Brasília no dia 6 de maio de 2019.
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, após reunião na sede do ministério, em Brasília no dia 6 de maio de 2019. - Sputnik Brasil
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O Fórum Econômico de Davos começa nesta terça-feira (21) e a questão ambiental será abordada em mais eventos do que os temas econômicos. O presidente Bolsonaro se recusou a ir a Davos, e é o ministro da Economia, Paulo Guedes, quem representa o Brasil no Fórum.

Na edição deste ano, o relatório produzido pelo centro de estudos que organiza o Fórum elencou os eventos climáticos, a perda de diversidade e incidentes como vazamentos de petróleo e contaminação radioativa, como as maiores preocupações a serem debatidas.

O economista e professor de Economia Ecológica da Universidade Federal do Ceará, Fábio Sobral, em entrevista à Sputnik Brasil, declarou que o presidente Jair Bolsonaro teve uma participação "insuficiente" no Fórum de Davos no ano passado e o tema ambiental deve tê-lo feito se afastar para enviar jogar o ministro Paulo Guedes.

"O Brasil ficou marcado internacionalmente como um país que passou a desrespeitar a natureza, a permitir a não punir as agressões a ambientalistas, nações indígenas, aos defensores do meio ambiente. E também ficou marcado pelas falas do presidente ao atacar Greta Thunberg, e também atacar Leonardo DiCaprio, e organizações não-governamentais, quando tais organizações foram acusadas de atearem fogo contra a Floresta Amazônica, em declarações absurdas, descontroladas", afirmou.

"Eu acho que esse governo perdeu o senso da realidade. Ele passa a discutir o mundo de uma maneira agressiva, passa a defender a agressividade sobre a natureza", acrescentou o especialista.

De acordo com o economista Fábio Sobral, o descaso do Brasil com o meio ambiente contradiz a ideia de enviar Paulo Guedes com um propósito de vender o Brasil para grandes investidores, tendo em vista as tendências do mercado de dar atenção aos problemas climáticos.

"Ele [Bolsonaro] e o ministro Ricardo Salles desenvolvem um programa de abandono da proteção ambiental, de desmonte dos órgãos de fiscalização, de favorecimento do setores desmatadores do meio ambiente, e aí ele coloca o Paulo Guedes como alguém que vai 'vender o Brasil para grandes investidores'", disse.

Fábio Sobral destacou que o Brasil tem se afastado cada vez mais das "regras da própria existência do mercado internacional, que passa a exigir cada vez mais a responsabilidade ambiental".

"O funcionamento da economia a partir dos próximos anos será cada vez mais desenhado pela questão ecológica. Se você devasta um rio, a possibilidade dos gastos posteriores com esta devastação de um rio, de uma floresta, que são extremamente necessários para o funcionamento da natureza [..] isso traz tamanhos gastos e prejuízos, que lidar hoje com a economia sem compreender o papel da natureza é um suicídio", frisou o economista.

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