A China está confiante que o crescimento industrial se estabilizará em 2020 após uma forte desaceleração, disse o ministro da Indústria e Tecnologia, Miao Wei. Esta recuperação é o resultado de numerosos esforços empreendidos pelas autoridades chinesas para melhorar a situação econômica, atingida pela guerra comercial com os Estados Unidos.
Em 2019, Pequim implementou medidas fiscais destinadas a estimular as atividades econômicas. O principal regulador financeiro da China reduziu repetidamente o depósito compulsório, a parte dos depósitos que um banco deve manter em reservas. Este passo tinha como objetivo aumentar a liquidez. Além disso, as autoridades chinesas baixaram as taxas do imposto sobre o valor agregado (IVA):
- de 16% a 13% para o transporte;
- de 10% a 9% para a construção civil e outros sectores.
Além disso, a China baixou a taxa de contribuições obrigatórias que os empregadores costumavam pagar aos fundos de segurança social de 20% para 16%. Assim, Pequim ofereceu isenções fiscais no valor de 2 trilhões de yuans (R$ 1,21 trilhão) a várias empresas. Como resultado, a produção industrial em dezembro de 2019 aumentou 6,9% em relação ao período homólogo de 2018 e 5,7% em termos anuais.
Assim, os estímulos fiscais devem reduzir o impacto dos fatores negativos e diminuir o custo de produção, tornando os produtos chineses competitivos no mercado, disse Bian Yongzu, especialista da Universidade Popular de Pequim, à Sputnik China.
"As medidas fiscais utilizadas pela China visam também o aumento da procura interna. Esta melhoria vai ajudar o negócio a sobreviver em tempos difíceis. Contudo, será impossível reduzir alguns efeitos negativos sobre a economia", explicou o analista.
Resultados das medidas
O estímulo fiscal, por exemplo, levou ao aumento do déficit orçamentário da China, que cresceu de 2,6% para 2,8% do PIB em 2019. Tais números parecem insignificantes em comparação com o déficit dos EUA, que excede 4% do PIB. Bian Yongzu acredita que não há razão para preocupação com o bem-estar da China desde que seu déficit não exceda 3% do PIB, que é considerado um limite seguro a nível mundial.
"Os países aumentam frequentemente seus déficits orçamentários para impulsionar o crescimento econômico. No futuro, este crescimento terá como regra um impacto no aumento das receitas fiscais", disse ele.
Mais medidas
Bian Yongzu também apontou que a China terá que aumentar a eficiência dos seus investimentos. Para alcançar este objetivo, as autoridades chinesas já estão a reformar as empresas estatais. No passado, todos os grandes projetos de infraestruturas eram financiados pelo Estado, porque é difícil para eles proporcionar retornos a curto prazo.
"No entanto, agora os grandes projetos de infraestruturas servem as necessidades do mercado. Estes são investimentos de grande eficácia econômica [...] Além disso, as autoridades chinesas têm de otimizar seu planejamento político para que as empresas orientadas por um plano estatal possam tomar decisões de investimento independentes com base na situação do mercado", concluiu o especialista.
Gradualmente, a China está abrindo cada vez mais seus mercados para o mundo. Este ano, o país asiático vai levantar as restrições à participação de capital estrangeiro no seu setor financeiro. Além disso, o Ministério dos Recursos Naturais anunciou que, a partir de 1º de maio de 2020, todas as empresas com ativos superiores a 300 milhões de yuans (R$ 182,1 milhões), incluindo empresas estrangeiras, poderão solicitar licenças que autorizem a extração de recursos naturais na China.
O abrandamento da economia chinesa foi causado principalmente por fatores externos negativos, o principal dos quais é a guerra comercial com os EUA. A demanda por bens intermédios e acabados caiu como resultado do declínio da atividade econômica global. Hoje, o gigante asiático ocupa uma posição importante na cadeia global de abastecimento, por isso a queda nas exportações chinesas afetou a atividade econômica dentro do país.