Construção ou destruição de fortificações e obstáculos no terreno, operações de minagem e desminagem, abertura de vias de comunicação, travessia de cursos de água e destruição das linhas de defesa inimigas – eis algumas das funções da engenharia militar russa.
Em sua atividade, a arma de engenharia militar recorre a diversos armamentos exóticos e técnicas muito peculiares ou únicas. Veja neste material da Sputnik qual é o armamento mais surpreendente concebido pelos engenheiros militares russos.
O 'Dragão das Montanhas'
"Dragão das Montanhas" – assim é apelidado pelas tropas de engenharia russas o veículo autopropulsado de desminagem UR-77 Мeteorit, desenvolvido no já longínquo ano de 1978, mas ainda considerado imprescindível. Em poucos minutos, ele consegue abrir linhas de 90 m de comprimento e 6 m de largura em campos minados, trabalho para o qual os sapadores a pé necessitariam de várias horas.
O dispositivo de desminagem é instalado sobre um veículo blindado multipropósito e consiste de um dispositivo lançador e duas cargas de desminagem, cada uma com diâmetro de 7 cm e comprimento de 90 m, completamente preenchidas com material explosivo plástico e equipadas com um cordão detonador.
A carga é estendida por um foguete que depois de percorrer a fase ativa de voo se separa, deixando cair no solo a longa carga.
O comandante do veículo aciona a detonação do cordão, neutralizando dessa forma um corredor no campo minado. O sistema assegura a desminagem de todas as minas de contato na zona de combate, rompendo um caminho seguro para as tropas de infantaria ou mecanizadas.
O UR-77 foi amplamente utilizado em diversos conflitos militares nas últimas décadas e provou sua capacidade não só para desminagem, como também para eliminar barricadas, obstruções, ouriços tchecos, dentes de dragão e outros artefatos antitanque – como ficou bem demonstrado na Síria.
Apesar de serem imprescindíveis e eficazes, é o momento de renovar a tecnologia. Por isso, ainda em setembro de 2018, Aleksandr Kochkin, diretor-adjunto da montadora Теkhmash, assegurou que em 2020 as Tropas de Engenharia russas já estariam dotadas com cargas de desminagem melhoradas.
Espião sem fio
O robô de visualização sem fio Sfera foi de grande utilidade para os sapadores russos em ação na Síria no ano de 2017. O dispositivo, de pouco mais do tamanho de uma bola de tênis, é dotado de quatro videocâmeras com iluminação LED que lhe permitem uma visão de 360 graus, podendo ser acionado com segurança mesmo em locais de difícil acesso. É muito resistente, suportando quedas de 5 metros. O sistema permite-lhe igualmente ajustar de forma automática a posição de observação necessária.
O operador visiona as imagens em uma consola com tela, de onde também o controla remotamente. O Sfera transmite áudio e vídeo em direto até 50 m e possui uma bateria para 60 minutos. O Ministério do Interior já se interessou pelo dispositivo e o Ministério da Defesa já adquiriu vários deles para a arma de engenharia russa. O Sfera também se mostra insubstituível em cenários de guerra urbana.
Operário multifacetado
Os combates em cenários de guerra urbana ocorridos na Chechênia e na Síria mostraram a necessidade de se recorrer a veículos blindados capazes de limpar obstruções e barricadas em ambiente citadino. O IMR-3M é considerado, neste segmento, a arma tecnicamente mais moderna do Exército russo.
Tendo como base o tanque T-90, o veículo pode ser utilizado quer para romper caminhos em bosques para colunas militares, quer em artérias urbanas bloqueadas com obstáculos, quer em terrenos acidentados. Trata-se de um autêntico buldôzer, equipado com arados de desminagem e lança telescópica de 360 graus de rotação. Podem lhe ser adicionados uma garra, pá escavadora, concha escavadeira e garras elevatórias. Um pente de arados frontal eletromagnéticos permite atravessar o obstáculo que representam as minas.
O IMR-3M suporta bem o fogo inimigo, fator muito importante em cenário de guerra urbana, e está dotado com um moderno sistema de comunicações.
Para além disso, está hermeticamente fechado, tendo um sistema de proteção contra radioatividade. No seu interior há apetrechos para aquecimento de água e comida bem como recipientes para armazenamento estanque de detritos fisiológicos. Está igualmente instalado um sistema de extração e renovação de ar – tudo isso permite uma autonomia total de 3 dias.
O construtor de pontes
As Tropas de Engenharia da Rússia dispõem de vários dispositivos para construção de pontes militares. Um deles é o veículo lançador de pontes blindado MTU-90M, instalado sobre a plataforma de um tanque T-90 e que entrou em serviço no final dos anos 2000. A ponte, subdividida em 3 seções, permite que veículos sobre esteiras ou rodas até 60 t transponham rios, valas, barrancos e zonas pantanosas de até 19 m de largura e é montada em 2-2,5 minutos.
O MTU-90M é hermético e está equipado com sistemas de defesa química e radioativa. A tripulação é constituída por dois militares, a velocidade máxima do veículo é de 25 km/h, tendo autonomia para percorrer 550 km. A sua blindagem permite-lhe igualmente participar em combates.
O robô-sapador
Os sapadores russos que trabalham nas cidades sírias recorrem frequentemente a mais uma novidade: o Uran-6.
Trata-se de um veículo de desminagem não tripulado sobre esteiras comandado por radiofrequência.
Sua grande utilidade reside no fato de, pelas suas reduzidas dimensões, ele poder realizar desminagem em zonas inacessíveis para máquinas tradicionais de neutralização de minas, por serem demasiado grandes.
O Uran-6 pode ser controlado até uma distância de 1 km. As quatro câmeras nele instaladas permitem uma visão de 360 graus, podendo o robô ser usado pela sua versatilidade em qualquer tipo de terreno. Ele pode ser equipado com sistemas de correntes, garras, pás escavadoras, fresadora e arado de lâminas – tudo apetrechos para neutralizar minas.
Na Síria se recorre sobretudo a correntes – colocadas pendendo de um eixo frontal. Na ponta de cada uma há um peso. O Uran-6 roda o eixo 600-700 vezes por minuto perfurando o solo até 35 cm. Graças a ele, foram neutralizadas centenas de minas antipessoais nas zonas de Palmira e Aleppo, segundo relataram sapadores a jornalistas da Sputnik, sofrendo os veículos simples arranhões.