Bolsonaro fez as declarações fora de sua residência oficial em Brasília, onde na maioria das manhãs do ano passado ele respondeu perguntas de repórteres e cumprimentou fãs.
"Quero falar com você, mas a associação nacional de jornalismo diz que quando falo, eu os ataquei", disse Bolsonaro a repórteres. "Como sou uma pessoa de paz, não darei mais entrevistas".
A medida ocorre depois que a Federação Nacional de Jornalistas (FENAJ) revelou na semana passada que a presidência de Bolsonaro "afetou significativamente a liberdade de imprensa no Brasil".
Ele registrou 208 ataques - incluindo físicos e verbais - contra a mídia ou jornalistas em 2019, um aumento de 54% em comparação com o ano anterior.
Bolsonaro foi responsável por mais da metade dos incidentes, mostrou o levantamento. Ele costumava usar declarações públicas como discursos, entrevistas ou tweets para atacar a mídia.
Desde sua campanha eleitoral em 2018, Bolsonaro costumava atacar repórteres ou veículos de comunicação.
Bolsonaro afirmou em julho que o jornalista americano Glenn Greenwald - que foi acusado de crimes cibernéticos na terça-feira - poderia "cumprir pena de prisão" pela publicação de chats vazados que ameaçavam minar uma investigação maciça sobre corrupção.
Em discurso na Assembleia Geral da ONU em setembro, Bolsonaro acusou a mídia de "mentir" sobre a extensão dos incêndios na Amazônia.
No mês seguinte, Bolsonaro anunciou que havia cancelado sua assinatura do jornal Folha de S. Paulo.
Ele também ameaçou cancelar a licença de transmissão da TV Globo por causa de uma reportagem que o ligava a uma pessoa acusada de assassinar a vereadora Marielle Franco no Rio de Janeiro.