O ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Parrilla, reagiu às palavras da presidente interina da Bolívia em seu Twitter.
Vulgares mentiras de la golpista autoproclamada en #Bolivia. Otra muestra de su servilismo a #EEUU. Debería explicar al pueblo que tras retorno a #Cuba de colaboradores, por la violencia de la que fueron objeto, se han dejado de realizar más de 454 440 atenciones médicas.
— Bruno Rodríguez P (@BrunoRguezP) January 22, 2020
Mentiras vulgares da golpista autoproclamada [presidente] da Bolívia. Outro exemplo do seu servilismo para com os Estados Unidos. Deveria era explicar ao seu povo que, após o retorno dos médicos a Cuba, por causa da violência a que foram sujeitos, mais de 454.440 procedimentos médicos ficaram por efetuar
Cuba iniciou sua cooperação médica com a Bolívia em 2005, através da Operação Milagre, que permitiu atender centenas de milhares de pacientes com problemas oftalmológicos. A cooperação foi posteriormente alargada a outras especialidades médicas, resultando na adoção de um amplo programa de saúde que foi mantido até o final de 2019.
Em discurso proferido em 22 de janeiro no Palácio Quemado, em La Paz, para comemorar o Dia do Estado Plurinacional, a autoproclamada presidente boliviana afirmou, a propósito do programa firmado com Cuba, que afinal só um terço dos contratados eram realmente profissionais de saúde.
Caos nos cuidados de saúde bolivianos
Em outra mensagem publicada no Twitter, Parrilla denunciou que dois meses sem os médicos cubanos na Bolívia se traduziram em quase 1.000 partos não assistidos, 5.000 intervenções cirúrgicas por realizar e 2.700 cirurgias oftalmológicas por concretizar. "Não são só cifras, [falamos de] seres humanos".
Eugenio Martínez, diretor-geral para a América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores de Cuba, afirmou igualmente no Twitter que, com a saída dos médicos cubanos da Bolívia, em Santa Cruz, o centro de oftalmologia está fechado; em Guayaramerín (norte), não há unidade de terapia intensiva, no hospital Montero faltam 12 especialistas e, em Vallegrande, a única unidade de terapia intensiva do centro do país foi encerrada.
Cuba denuncia pressões norte-americanas
Em novembro passado, o governo cubano decidiu retirar mais de 700 médicos, técnicos e especialistas de saúde que prestavam serviço naquele país sul-americano. Esta medida foi tomada após a detenção arbitrária de quatro profissionais de saúde na área de El Alto, quando se dirigiam para as respetivas residências depois de terem sacado dinheiro de um banco para pagamento do aluguel, água e eletricidade das casas dos 107 membros da Brigada Médica daquela região.
Cuba tem denunciado repetidamente a pressão exercida pelo Governo dos Estados Unidos para dificultar e interromper o trabalho das brigadas médicas cubanas no exterior.
Cuba mantém atualmente grupos de cooperantes médicos em mais de 60 países, incluindo 29 nações na América Latina e Caribe, 31 na África, estando também presente no Oriente Médio, Ásia e Europa Central.