Enquanto as demonstrações foram rotuladas no passado como protestos apoiados pelo Irã, um especialista em antiguerra disse à Sputnik que este protesto em particular enviou uma mensagem clara a Washington.
Medea Benjamin, cofundadora do grupo pacifista Code Pink, em entrevista à Sputnik International, discutiu as manifestações no Iraque e protestos globais antiguerra que estão agendados para acontecer neste fim de semana.
Benjamin afirmou ser óbvio que os recentes protestos têm como alvo Washington e não podem ser erroneamente interpretados como manifestações organizações pelo Irã, por serem de autoria de "xiitas iraquianos que querem ver o seu país livre de tropas estrangeiras".
"Existe um sentimento popular genuíno que as tropas norte-americanas representam perigo ao povo iraquiano, que elas não trouxeram nada além de miséria por quase duas décadas. E o assassinato de Soleimani [chefe da Força Quds do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica] no território iraquiano torna muito claro aos iraquianos que eles serão as vítimas de uma escalada iniciada pela administração do presidente Trump contra Irã, e iraquianos não querem que isso aconteça", explicou a ativista.
Benjamin salientou que a recusa dos EUA de cumprir a decisão do Parlamento iraquiano de expulsar as tropas norte-americanas do país pode agravar ainda mais as tensões na região. Segundo a ativista, nos protestos havia cartazes escritos em inglês contendo mensagens entrelinhas "levem os seus filhos do Iraque para casa ou comecem a preparar os caixões".
This is the absolutely enormous rally in Iraq's capital Baghdad today, where more than 1 MILLION protesters demanded an end to the US military occupation of their country
— Ben Norton (@BenjaminNorton) January 24, 2020
Iraq's parliament voted 170-0 to expel US troops. Trump refused to listen. Now the people are in the streets pic.twitter.com/FDnHQrmCTu
Esta é uma manifestação enorme que está decorrendo na capital iraquiana de Bagdá, onde mais de um milhão de pessoas exigiu o fim da ocupação militar americana no seu país. O Parlamento do Iraque votou com 170 a favor e 0 contra pela expulsão das tropas dos EUA. Trump se recusou a dar ouvidos, agora as pessoas estão nas ruas.
"Haverá ataques a soldados americanos por parte dos iraquianos que manifestaram o seu desejo claramente", alertou.
No entanto, é pouco provável que a administração do presidente dos EUA Donald Trump respeite a soberania do governo iraquiano e retire militares estadunidenses, ponderou.
"Mesmo que Donald Trump tenha prometido e dito [durante a campanha eleitoral] que retiraria as tropas dos EUA do Oriente Médio [...], ele acha que retirando as tropas do Iraque estaria, assim, cedendo ao Irã em vez de se submeter à vontade do povo iraquiano", argumentou Benjamin.
Em 3 de janeiro, os Estados Unidos realizaram um ataque de drone perto do Aeroporto Internacional de Bagdá, no Iraque, que matou o general iraniano Qassem Soleimani e o líder da milícia xiita iraquiana Abu Mahdi Muhandis, entre outros.