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Por que grandes empresas brasileiras estão perdendo valor com coronavírus na China?

CC BY 2.0 / Rafael Matsunaga/ / Painel de cotações da Bovespa (arquivo)
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Redução do crescimento econômico da China deve afetar as maiores empresas brasileiras, alertam especialistas.

Vale, Petrobras, Gerdau, CSN e Suzano, gigantes da economia brasileira, perderam R$ 33,1 bilhões em valor de mercado apenas na manhã da segunda-feira da semana em que aumenta a preocupação com a disseminação do coronavírus por vários países, a partir da China. Companhias aéreas também perderam com o temor da epidemia, que inibe viagens.

Por que as empresas brasileiras estão perdendo com o coronavírus, ainda tão distante do país? Por que foram as ações de empresas ligadas a commodities a ter queda mais acentuada em meio às incertezas em relação ao impacto do avanço do coronavírus na China e na economia mundial?

Para Welber Barral, economista e advogado, sócio-diretor da BMJ Consultores Associados toda epidemia, historicamente, traz efeitos econômicos importantes.

"As pessoas param de andar, param de consumir. Isso tem efeito sobre turismo, sobre as fábricas [...] tem efeito sobre logística, movimentação de produtos. Tem um efeito negativo sobre a economia", explicou o especialista para Sputnik Brasil.

Para o entrevistado, o efeito econômico sempre existe. A questão agora é determinar qual será esse efeito a longo prazo para a economia chinesa e mundial.

"A aposta do mercado tem sido que isso pode ter um efeito negativo de até 2% sobre mercado mundial. E é com base nesse efeito que os analistas precificam as ações [...] principalmente de setores que têm uma dependência maior da economia chinesa", ponderou o advogado.

Essa incerteza afeta também o mercado cambial, pois os grandes investidores internacionais, "como sempre em tempos de crise, correm para moedas fortes e ouro" de modo "a se garantir contra maior queda de ações no futuro".

Mauro Rochlin, economista, professor dos cursos de MBA da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, também em conversa com a Sputnik Brasil, concordou com avaliação de Barral e apontou que os exportadores de commodities serão os mais prejudicados.

"Como se trata de um vírus de alta letalidade e rápida transmissão, a gente está vendo, principalmente na China, as autoridades determinarem certas medidas que prejudicam a produção econômica. A gente vê feriados sendo estendidos, cidades sendo isoladas, trabalhadores sendo impedidos de acessarem seus locais de trabalho. E tudo isso por motivos médicos e sanitários. Os efeitos disso são uma menor produção, uma menor prestação de serviços e com isso uma menor geração de riquesas. Essa é a relação da saúde com a economia", alertou Rochlin.

"O Brasil é exportador de commodities e a China é o nosso principal parceiro comercial. Então a China produzindo menos também vai consumir menos, não só do Brasil, mas do mundo todo", explicou o professor.

As empresas brasileiras mais afetadas pela atual queda nas bolsas são exportadoras de commodities. Dessa forma "vamos observar um faturamento menor dessas empresas e um lucro menor".

"Por conta disso a Bolsa de Valores já antecipa esses resultados. Os dividendos para os acionistas certamente serão menores. Eles tentam se desfazer desses papeis o que explica a queda na Bolsa de São Paulo", concluiu.
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